Morte de George Floyd: caminhar ao lado de Trump foi “um erro”, diz chefe das Forças Armadas dos EUA
Mark A. Milley lamentou ter acompanhado o Presidente na caminhada até à igreja durante as manifestações contra a morte de George Floyd. “A minha presença naquele momento e naquele ambiente criou a percepção de que o exército estava envolvido em políticas nacionais”
O general Mark A. Milley, chefe das Forças Armadas dos Estados Unidos, lamentou esta quinta-feira ter acompanhado Donald Trump na caminhada pela Praça Lafayette até à “igreja dos presidentes”, em frente à qual o Presidente norte-americano posou para uma fotografia com a Bíblia na mão, durante os protestos em Washington contra a morte de George Floyd às mãos do polícia Derek Chauvin.
Num vídeo dirigido aos graduados da Universidade de Defesa Nacional, o general reconhece que foi “um erro” ter estado na caminhada pela praça que, momentos antes, tinha sido desimpedida pelas forças policiais com recurso a gás lacrimogéneo e balas de borracha para dispersar os manifestantes que aí protestavam.
“Não devia ter lá estado”, reconheceu Mark A. Milley. “A minha presença naquele momento e naquele ambiente criou a percepção de que o exército estava envolvido em políticas nacionais.”
Minutos antes, o general tinha declarado estar revoltado com o “assassínio brutal e sem sentido de George Floyd” e afirmou opor-se às sugestões de Trump de pôr militares nas ruas para reprimir os protestos.
A presença de Mark A. Milley junto do Procurador-geral, William Barr, e do conselheiro de Segurança Nacional, Robert O’Brien, entre outros membros da Administração Trump, aconteceu numa altura em que o Presidente norte-americano ameaçava pôr o Exército nas ruas para controlar os protestos.
De acordo com oficiais do Exército citados pelo New York Times, o general acreditou que ia acompanhar Trump e a sua comitiva para avaliar as tropas da Guarda Nacional e outros agentes policiais na Praça Lafayette, não tendo tido conhecimento dos incidentes que antecederam a caminhada da Casa Branca até à Igreja Episcopal de S. João.