Assad demite primeiro-ministro a um mês das eleições
A crise económica e as revoltas - que não se viam desde 2011 - crescem no território sob o controlo do Governo.
O presidente da Síria, Bashar al-Assad, demitiu nesta quinta-feira o primeiro-ministro, a um mês das eleições e num momento em que a crise económica e as revoltas crescem no território sob o seu comando.
Assad nomeou como primeiro-ministro interino o ministro dos Recursos Hídricos, Hussein Arnous, em substituição do demitido Imad Khamis, até às eleições de Julho e à formação de um novo Governo.
A surpreendente demissão ocorre a meio de uma crise económica cada vez mais profunda que tem levado a população a protestar nas ruas dos territórios controlados pelo Governo em manifestações que não eram vistas desde os primeiros dias da guerra civil que destruiu o país na última década.
A moeda nacional do país, a libra síria, atingiu nos últimos dias um mínimo histórico de 3000 libras por dólar, quando era transaccionada a 47 libras por dólar antes da revolução de 2011, ao mesmo tempo que os preços dos bens essenciais dispararam e alguns desapareceram mesmo dos mercados, enquanto os comerciantes lutam para conseguir acompanhar o aumento do custo de vida.
O colapso económico da Síria acontece pouco antes da entrada em vigor de novas sanções dos Estados Unidos contra quaisquer entidades ou países que façam negócios com o Governo de Assad.
É esperado que as sanções agravem a já debilitada situação económica do país, onde mais de 80% da população vive abaixo da linha da pobreza.
As eleições legislativas de Julho, inicialmente previstas para Abril, já foram adiadas por duas vezes devido às restrições impostas pelo combate à pandemia de covid-19 num país que se debate, ainda, com a falta de testes para o coronavírus e que oficialmente tem apenas 152 casos e seis mortos nas zonas do país controladas pelo Governo.