As frases que marcaram a passagem de Mário Centeno pelo Governo
Muitas medidas, algumas críticas e poucas justificações. O retrato de cinco anos do agora ex-ministro das Finanças no poder traduzidos em declarações.
O homem a quem chamaram “Cristiano Ronaldo do Ecofin” saiu, esta terça-feira, do Ministério das Finanças, cargo que ocupava desde Novembro de 2015. Em Dezembro de 2017, acumulou a pasta de presidente do Eurogrupo, cargo que também não voltará a ocupar. A relação com António Costa, que ambas as partes elogiaram ao longo dos últimos quatro anos, teve um solavanco com o episódio da injecção de 850 milhões do Novo Banco, que também envolveu o Presidente da República. A vontade de sair do Governo, porém, seria anterior a esse conflito, com notícias a apontarem um possível assento no lugar de governador do Banco de Portugal.
O PÚBLICO traz-lhe as frases que marcaram a passagem de Mário Centeno pelo Governo.
“Sempre dissemos que Portugal tem que ser um país membro na área do euro no sentido construtivo do termo e é assim que vamos continuar a assumi-lo”. Após tomada de posse do XXI Governo, 26-11-2015
“Pensámos de forma muito séria esta questão e a decisão que tomamos teve em vista aquilo que era o evitar da liquidação do banco, que ocorreria entre segunda e terça feira desta semana”. Justificando apoio ao Banif, 22-12-2015
“Este é um Orçamento responsável que favorece o crescimento económico e criação de emprego, melhora a protecção social e mantém as contas públicas no sentido da redução da dívida e do défice.” Sobre o Orçamento do Estado de 2016, o primeiro enquanto ministro das Finanças
“Não haverá garantias de Estado no Novo Banco”. Entrevista ao Diário de Notícias e TSF, 4-1-2017
“É muito estranho que, depois de tantos anos, em particular pessoas que governaram o país, venham identificar cativações como medidas extraordinárias”. Dirigindo-se a Passos Coelho, após afirmações do ex-primeiro-ministro sobre o défice, 27-1-2017
“Admito que possa não ter afastado do entendimento do senhor António Domingues que o acordo poderia retirar o dever de apresentação das declarações”. Sobre o acordo feito com António Domingues para este aceitar ser presidente da Caixa Geral de Depósitos, 13-2-2017
“O Cristiano Ronaldo do Ecofin não sou eu. São os portugueses, os trabalhadores e os empresários.” Entrevista à RTP, 25-5-2017
“O Governo só pode gastar aquilo que o Parlamento autoriza. O investimento não é como o Anita Vai às Compras”. Entrevista ao PÚBLICO, 2-4-2019
“Se eu me vejo com perfil para ser governador do Banco de Portugal? Se houver um perfil de um governador do Banco de Portugal é mais ou menos a mesma coisa do que ser director-geral do FMI, do ponto de vista das qualificações, e, portanto, não vejo onde pudesse estar aí uma dificuldade”. Entrevista à TSF, questionado sobre se considerava ter perfil para liderar o Banco de Portugal, 12-9-2019
“Não vejo nenhum conflito de interesses”. Entrevista ao Expresso, questionado sobre uma eventual transição do Ministério das Finanças para o Banco de Portugal, 20-12-2019
“Estou a caminho de ser o ministro das Finanças mais longevo da democracia. Já fiz aprovar cinco orçamentos”. Entrevista à Visão, 26-02-2020
“Devemos estar focados na resposta à crise e não alimentar folhetins”. Sobre eventual saída do Governo, 23-3-2020
“Estamos a falar de 12 zeros para o plano de recuperação”. Entrevista ao PÚBLICO, 21-4-2020
“As quebras de actividade em Abril podem ter retirado ao PIB anual cerca de 6.5%, em 30 dias úteis. Um valor muito significativo. Podemos estar a observar uma queda, em termos nominais, superior aos 15 mil milhões de euros em termos anuais”. Entrevista à RTP, 8-5-2020
“Não permitirei, enquanto for ministro, que uma instituição bancária que tem as portas abertas possa ser prejudicada por um debate parlamentar sem qualquer sentido”. Sobre injecção de capital no Novo Banco, 14-5-2020
“Nunca falei com ele na minha vida”. Sobre António Costa Silva, responsável pela preparação do programa de recuperação económica, 5-6-2020
“O Governo tem uma liderança e coesão que se reflecte nos resultados que obtém. São 1674 dias como ministro das Finanças, os números sempre fizeram parte deste trajecto, sempre estiveram certos e continuarão a estar certos”. Na conferência de imprensa onde foi anunciada a saída do Governo, 9-6-2020