Índia e China aliviam tensão na fronteira dos Himalaias

Militares dos dois países encontraram-se durante o fim-de-semana, depois de semanas marcadas por movimentações de tropas nos Himalaias, e acordaram o desenvolvimento das relações bilaterais.

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Xi Jingping e Narendra Modi, em 2017, na cimeira dos BRICS, na China LUSA/KENZABURO FUKUHARA / POOL

A tensão entre a China e a Índia na fronteira dos Himalaias está a diminuir de intensidade, depois de as duas potências asiáticas terem chegado a uma posição conjunta para “resolver pacificamente” a situação na sua fronteira.

Durante o fim-de-semana, altas patentes militares dos dois países reuniram-se na localidade de Chushul, na região disputada de Ladakh, onde soldados dos dois países envolveram-se em confrontos no mês passado, junto ao lago Pangsong Tso, noticia o The New York Times

No final do encontro, o Ministério dos Negócios Estrangeiros indiano emitiu um comunicado a dizer que “os dois lados concordaram em revolver pacificamente a situação nas áreas fronteiriças, respeitando os vários acordos bilaterais”, defendendo que “a paz e a tranquilidade nas regiões fronteiriças são essenciais para o desenvolvimento global das relações bilaterais”. Pequim, contudo, ainda não se manifestou relativamente ao encontro do fim-de-semana.

Nas últimas semanas, a tensão entre Índia e China subiu de tom, com movimentações de tropas na fronteira dos Himalaias e com rixas entre soldados dos dois lados. Os confrontos no lago Pangong Tso, por exemplo, causaram vários feridos e levaram a trocas de acusações entre as duas potências nucleares.

Os dois países culpam-se mutuamente por disrupções causadas ao longo da sua fronteira, contudo, não concordam, sequer, quanto ao tamanho da mesma, com várias zonas a serem disputadas. Em 1962, China e Índia envolveram-se numa guerra por causa da fronteira dos Himalaias, tendo chegado a um acordo de cooperação na década de 1980. Desde então, a cooperação tem sido reforçada mas, pontualmente, verificam-se diferendos entre os dois países

Nas últimas semanas, no vale de Galwan, não muito longe do lago Pangsong Tso, onde ocorreram confrontos entre patrulhas dos dois países, tropas chinesas atravessaram a fronteira delimitada pela Índia. Em sentido inverso, a China acusa a Índia de ter entrado em território chinês, justificando, assim, a sua resposta defensiva. Durante a Primavera, a China intensificou a sua actividade, depois de a Índia ter expandido uma rede de estradas no seu lado da fronteira.

O último encontro entre o Presidente chinês, Xi Jinping, e o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, decorreu em Outubro de 2019, e os dois prometeram continuar a cooperar militar e economicamente. Desde então, têm surgido algumas divergências entre os dois países. 

Com a pandemia de covid-19, que está a afectar significativamente a Índia, Nova Deli teme que a Pequim aproveite o momento para expandir-se na região. As movimentações da China, que tem aprofundado as suas relações diplomáticas com o Paquistão, geraram particular apreensão, numa altura em que a Índia tem fortalecido a cooperação com os Estados Unidos, Japão e Austrália e reforçado a cooperação com o Tibete. 

“Embora a Índia não tenha a capacidade militar para igualar a China, certamente que está a usar os seus esforços diplomáticos para conter a China”, afirmou Akhil Bery, analista do think tank Eurasia Group, especialista no sul da Ásia, à CNBC.

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