Colin Powell vai apoiar o democrata Biden para a presidência dos EUA

O secretário de Estado do antigo Presidente George W. Bush acusou Trump de mentir a “toda a hora” e vai votar em Joe Biden. Protestos anti-racistas continuam este domingo na Europa.

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Manifestantes em cima da estátua do rei Leopoldo II, em Bruxelas Reuters/YVES HERMAN
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Protesto em Londres, junto à estátua de Winston Churchill Reuters/PETER NICHOLLS
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Manifestação em Londres LUSA/ANDY RAIN
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Em Glasgow, na Escócia LUSA/ROBERT PERRY
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Em Maastricht, na Holanda Reuters/PIROSCHKA VAN DE WOUW
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Em Bruxelas, na Bélgica Reuters/YVES HERMAN
Sinal de parada
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Glasgow LUSA/ROBERT PERRY
Edimburgo
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Manifestação em Maastricht Reuters/PIROSCHKA VAN DE WOUW

Colin Powell, antigo secretário de Estado do Presidente George W. Bush, disse que Donald Trump não deve ser reeleito nas presidenciais de Novembro porque “mente a toda a hora”, não é um chefe de Estado “eficaz” e afastou-se da Constituição. Mais, quando os protestos que inflamaram a América continuam agora por todo o mundo, Powell anunciou que vai votar no candidato democrata, Joe Biden, nas eleições de Novembro.

“Acho que não tem sido um Presidente eficaz. Mente a toda a hora. Ele começou a mentir no dia da tomada de posse quando falou sobre o tamanho da multidão que estava lá. Há pessoas a escrever livros sobre as suas mentiras favoritas. E não acho que isso seja do nosso interesse”, disse Powell em entrevista à CNN. “Sou muito próximo de Joe Biden. Trabalhei com ele durante 35 a 40 anos. E vou votar nele”. 

Colin Powell, que apoiou Barack Obama, não votou em Trump em 2016. O general da Força Aérea foi comandante das forças norte-americanas na primeira Guerra do Golfo, em 1991, para expulsar o Iraque de Saddam Hussein do vizinho Kuwait, durante o mandato de George H. Bush.

Cortejado pelos democratas, entrou na vida política com o republicano George W. Bush, como secretário de Estado e o seu testemunho no Conselho de Segurança, apresentando provas recolhidas pela CIA que posteriormente se soube não serem verdadeiras de que o Iraque teria armas de destruição maciça foi fundamental para ter autorização para a invasão do Iraque, em 2003. As armas nunca foram encontradas e a invasão destabilizou o Médio Oriente, contribuindo anos mais tarde para o surgimento do Daesh. 

Donald Trump reagiu quase imediatamente no Twitter: “Colin Powell, um grande chato que teve muita responsabilidade em levar-nos para as desastrosas guerras do Médio Oriente, acaba de anunciar que vai votar noutro chato, o Soneca Joe Biden. O Powell não disse que o Iraque tinha “armas de destruição maciça”? Não tinha, mas nós lá fomos para a GUERRA!”.

Powell pode estar na vanguarda de um grupo de figuras do Partido Republicano dispostas a apoiar Biden - ou pelo menos a não apoiar a reeleição de Trump. O Presidente George W. Bush já tornou claro que não o apoiará, por exemplo.

Há 12 dias que os protestos não param de espalhar-se nos Estados Unidos e a crescer e uma das razões para que assim esteja a ser é a forma como o Presidente tem lidado com a contestação social, maioritariamente pacífica, apesar de nas noites iniciais se terem registado episódios de vandalismo e destruição. Trump ameaçou destacar o Exército para lidar com os protestos. Houve mais de dez mil em pouco mais de uma semana de protestos. 

“Temos uma Constituição. Temos de seguir essa Constituição. E o Presidente afastou-se dela. Estou muito orgulhoso do que generais e almirantes e outros fizeram”, disse Powell, referindo-se às pressões do Pentágono para a Casa Branca não enviasse os militares para as ruas americanas. A ameaça de Trump e a sua declaração de que iria criminalizar os antifascistas fizeram com que a contestação ganhasse uma nova dimensão ao assumir um posicionamento em defesa da democracia. 

Protestos anti-racistas espalharam-sem um pouco por todo o mundo e continuam este domingo, depois de um sábado em que centenas de milhares de pessoas marcharam contra o racismo e a violência policial em França, Alemanha, Reino Unido, Austrália, Coreia do Sul, Japão e Portugal.

Em Roma, milhares de pessoas juntaram-se na Piazza del Popolo, em solidariedade com George Floyd e o movimento Black Lives Matter, onde se ajoelharam com os punhos levantados durante oito minutos e 46 segundos - o tempo que dura o vídeo em que se vê George Floyd morrer com o joelho de um polícia em cima do pescoço. Houve outra concentração em Milão. Houve ainda este domingo protestos em vários locais de Espanha, Bélgica, Holanda, Dinamarca, Reino Unido e Hungria. 

Em Londres, no Reino Unido, milhares de pessoas começaram esta tarde a marchar pela cidade e a correspondente da CNN no local frisou que não param de chegar pessoas. “Os londrinos de todas as idades, raças e origens juntaram-se a milhões de pessoas de todo o mundo para, em conjunto, dizerem pacificamente que as vidas negras importam. Estou convosco e partilho da vossa raiva e dor”, disse em comunicado o presidente da câmara de Londres, Sadiq Khan. 

Em Espanha, algumas pessoas concentraram-se em frente à embaixada americana em Madrid empunhando cartazes onde se lia “I can't breathe”, as últimas palavras de George Floyd, morto por um polícia de Minneapolis, no Minnesota (EUA). O país terá até ao final deste domingo protestos em 12 cidades. 

Em Bruxelas, na Bélgica, houve uma concentração na Place Poelaert, em frente ao Palácio da Justiça. O protesto foi inicialmente impedida pela polícia, argumentando com o risco de contágio de covid-19, mas a câmara da capital belga acabou por permiti-la. Participaram 10 mil pessoas, diz a RTL. 

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