Colin Powell vai apoiar o democrata Biden para a presidência dos EUA
O secretário de Estado do antigo Presidente George W. Bush acusou Trump de mentir a “toda a hora” e vai votar em Joe Biden. Protestos anti-racistas continuam este domingo na Europa.
Colin Powell, antigo secretário de Estado do Presidente George W. Bush, disse que Donald Trump não deve ser reeleito nas presidenciais de Novembro porque “mente a toda a hora”, não é um chefe de Estado “eficaz” e afastou-se da Constituição. Mais, quando os protestos que inflamaram a América continuam agora por todo o mundo, Powell anunciou que vai votar no candidato democrata, Joe Biden, nas eleições de Novembro.
“Acho que não tem sido um Presidente eficaz. Mente a toda a hora. Ele começou a mentir no dia da tomada de posse quando falou sobre o tamanho da multidão que estava lá. Há pessoas a escrever livros sobre as suas mentiras favoritas. E não acho que isso seja do nosso interesse”, disse Powell em entrevista à CNN. “Sou muito próximo de Joe Biden. Trabalhei com ele durante 35 a 40 anos. E vou votar nele”.
Colin Powell, que apoiou Barack Obama, não votou em Trump em 2016. O general da Força Aérea foi comandante das forças norte-americanas na primeira Guerra do Golfo, em 1991, para expulsar o Iraque de Saddam Hussein do vizinho Kuwait, durante o mandato de George H. Bush.
Cortejado pelos democratas, entrou na vida política com o republicano George W. Bush, como secretário de Estado e o seu testemunho no Conselho de Segurança, apresentando provas recolhidas pela CIA que posteriormente se soube não serem verdadeiras de que o Iraque teria armas de destruição maciça foi fundamental para ter autorização para a invasão do Iraque, em 2003. As armas nunca foram encontradas e a invasão destabilizou o Médio Oriente, contribuindo anos mais tarde para o surgimento do Daesh.
Donald Trump reagiu quase imediatamente no Twitter: “Colin Powell, um grande chato que teve muita responsabilidade em levar-nos para as desastrosas guerras do Médio Oriente, acaba de anunciar que vai votar noutro chato, o Soneca Joe Biden. O Powell não disse que o Iraque tinha “armas de destruição maciça”? Não tinha, mas nós lá fomos para a GUERRA!”.
Powell pode estar na vanguarda de um grupo de figuras do Partido Republicano dispostas a apoiar Biden - ou pelo menos a não apoiar a reeleição de Trump. O Presidente George W. Bush já tornou claro que não o apoiará, por exemplo.
Há 12 dias que os protestos não param de espalhar-se nos Estados Unidos e a crescer e uma das razões para que assim esteja a ser é a forma como o Presidente tem lidado com a contestação social, maioritariamente pacífica, apesar de nas noites iniciais se terem registado episódios de vandalismo e destruição. Trump ameaçou destacar o Exército para lidar com os protestos. Houve mais de dez mil em pouco mais de uma semana de protestos.
“Temos uma Constituição. Temos de seguir essa Constituição. E o Presidente afastou-se dela. Estou muito orgulhoso do que generais e almirantes e outros fizeram”, disse Powell, referindo-se às pressões do Pentágono para a Casa Branca não enviasse os militares para as ruas americanas. A ameaça de Trump e a sua declaração de que iria criminalizar os antifascistas fizeram com que a contestação ganhasse uma nova dimensão ao assumir um posicionamento em defesa da democracia.
Protestos anti-racistas espalharam-sem um pouco por todo o mundo e continuam este domingo, depois de um sábado em que centenas de milhares de pessoas marcharam contra o racismo e a violência policial em França, Alemanha, Reino Unido, Austrália, Coreia do Sul, Japão e Portugal.
Em Roma, milhares de pessoas juntaram-se na Piazza del Popolo, em solidariedade com George Floyd e o movimento Black Lives Matter, onde se ajoelharam com os punhos levantados durante oito minutos e 46 segundos - o tempo que dura o vídeo em que se vê George Floyd morrer com o joelho de um polícia em cima do pescoço. Houve outra concentração em Milão. Houve ainda este domingo protestos em vários locais de Espanha, Bélgica, Holanda, Dinamarca, Reino Unido e Hungria.
Em Londres, no Reino Unido, milhares de pessoas começaram esta tarde a marchar pela cidade e a correspondente da CNN no local frisou que não param de chegar pessoas. “Os londrinos de todas as idades, raças e origens juntaram-se a milhões de pessoas de todo o mundo para, em conjunto, dizerem pacificamente que as vidas negras importam. Estou convosco e partilho da vossa raiva e dor”, disse em comunicado o presidente da câmara de Londres, Sadiq Khan.
Em Espanha, algumas pessoas concentraram-se em frente à embaixada americana em Madrid empunhando cartazes onde se lia “I can't breathe”, as últimas palavras de George Floyd, morto por um polícia de Minneapolis, no Minnesota (EUA). O país terá até ao final deste domingo protestos em 12 cidades.
Em Bruxelas, na Bélgica, houve uma concentração na Place Poelaert, em frente ao Palácio da Justiça. O protesto foi inicialmente impedida pela polícia, argumentando com o risco de contágio de covid-19, mas a câmara da capital belga acabou por permiti-la. Participaram 10 mil pessoas, diz a RTL.