BCE reforça “bazuca” de emergência para quase o dobro. São agora 1350 mil milhões de euros

A decisão de reforçar o programa de aquisição de dívida foi anunciada esta quinta-feira. Em causa está a compra de dívida para limitar o impacto económico da crise causada pela pandemia de covid-19, que fez estagnar a economia por toda a Europa.

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Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu (BCE) LUSA/STEPHANIE LECOCQ

O Banco Central Europeu (BCE) anunciou nesta quinta-feira que haverá um reforço de 600 mil milhões de euros (para um total de 1350 mil milhões de euros) do pacote de emergência de compra de activos públicos e privados. O BCE reforça assim o seu programa de emergência destinado a limitar, com a compra de dívida, o impacto económico da pandemia na zona euro. Além do reforço, o limite para aquisições no âmbito deste programa de compra de activos de emergência pandémica (PEPP) será alargado até Junho de 2021, pelo menos. As taxas de juro mantêm-se inalteradas, com a principal taxa de refinanciamento a zero.

Em Março, o BCE lançou um programa de compra de activos no valor de 750 mil milhões de euros. Agora, a decisão de reforçar esse pacote de emergência para quase o dobro foi anunciada depois da reunião do conselho de governadores. 

A presidente do BCE, Christine Lagarde, disse numa conferência de imprensa nesta quinta-feira que houve uma “contracção sem precedentes na zona euro” e uma “grande quebra na actividade económica”, assim como perdas de rendimentos, empregos perdidos e sentimento geral de “grande incerteza”. Tudo isto levou a que o BCE decidisse aumentar o “envelope” de emergência de resposta à pandemia; estas aquisições continuarão a ocorrer de forma “flexível”, disse Lagarde.

Na semana passada, Lagarde tinha previsto um recuo do produto interno bruto (PIB) da zona euro entre 8% e 12% este ano, antes de uma recuperação, cuja evolução é ainda incerta.​ Segundo analistas, agora é a hora de agir de novo e isso foi feito através do programa de compra de activos de emergência pandémica (ou PEPP), que previa inicialmente a compra de dívida no valor de 750 mil milhões de euros até ao final do ano.

Após uma série de medidas extraordinárias adoptadas em Março, a instituição já tinha referido em Abril que estaria preparada para fazer mais para conter uma crise “inédita em tempos de paz”.

Enquanto decidia se iria reforçar o programa de compra de dívida, o Banco Central Europeu confirmou com números aquilo que já se esperava: é com a situação de Espanha e principalmente de Itália que os responsáveis da autoridade monetária estão mais preocupados, como noticiou o PÚBLICO nesta quinta-feira.

O banco central divulgou esta terça-feira como é que foram distribuídas as compras realizadas pelas dívidas de cada um dos países da zona euro. E aquilo que mostram os dados publicados pelo banco central, esta terça-feira, é que Itália e Espanha foram um alvo preferencial das operações de aquisição de dívida no mercado secundário (coordenadas pelo BCE, mas executadas pelos bancos centrais), com os montantes adquiridos a ultrapassarem de forma clara aquele que seria o valor registado, caso tivesse seguido de forma rígida a chave de participação de cada país no capital do BCE.

Já no caso de Portugal, as compras de dívida corresponderam até Maio a 2,4%, ligeiramente acima da participação do país no capital do BCE, que é de 2,3%. Isto significou um benefício de 109 milhões nas compras, que no total foram de 4150 milhões de euros.

Para além deste programa de emergência, o eurosistema de bancos centrais tem vindo a realizar ainda compras no âmbito do programa de aquisição de activos que já tinha em vigor e que reforçou em Abril. No caso de Portugal foram mais 1860 milhões de euros de dívida comprada desde o início do ano até Maio.

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