Uma assinatura de estilo
Um esmerado trabalho de escrita, com uma riqueza lexical já pouco usual na literatura portuguesa.
Nos últimos vinte anos, com os livros dos escritores mais novos que foram aparecendo na literatura portuguesa, aconteceu que o estilo (que antes funcionava como uma espécie de assinatura, e são exemplo disso a escrita de Agustina Bessa-Luís, José Cardoso Pires, António Lobo Antunes, José Saramago, Mário de Carvalho, ou de Maria Velho da Costa, entre outros) se foi perdendo a par de um mais cuidado trabalho com a linguagem; a história contada, a maneira como esta é narrada, a construção psicológica das personagens, os “bons sentimentos” e a apresentação de um trabalho de leitura clara e fácil, parecem ter-se tornado nas preocupações principais dos escritores (com algumas, poucas, excepções), um pouco à maneira de alguma tradição anglófona e também da vontade de ir ao encontro daquilo que os leitores querem e esperam — talvez os manuais de escrita criativa e algum trabalho dos editores não sejam alheios a esta mudança. Mas, curiosamente, nos anos mais recentes surgiram alguns livros e autores que parecem querer contrariar esta tendência: Ana Margarida Carvalho, Rui Manuel Amaral, Joana M. Lopes, Cláudia Andrade, e o mais recente livro de João Reis (n. 1985).
O contributo do PÚBLICO para a vida democrática e cívica do país reside na força da relação que estabelece com os seus leitores.Para continuar a ler este artigo assine o PÚBLICO.Ligue - nos através do 808 200 095 ou envie-nos um email para assinaturas.online@publico.pt.