Centros de apoio temporário a infectados encerram por causa dos resultados “francamente positivos” a Norte
Foram feitos mais de 180 mil testes à covid-19 apenas no Norte do país. Região passou de ter 3480 novos casos numa só semana, para apenas 63, na última semana. Na segunda-feira não havia qualquer registo de casos novos de infecção pela primeira vez.
Muitos testes, um trabalho conjunto de várias entidades e o “comportamento exemplar” dos cidadãos são os responsáveis pelos resultados “francamente positivos” da evolução da pandemia da covid-19 no norte do país, culminando no facto de esta segunda-feira, pela primeira vez, ter sido anunciado que não havia qualquer caso de nova infecção na região. Um marco que o secretário de Estado da Mobilidade, Eduardo Pinheiro, responsável pela coordenação da situação de calamidade na região Norte, quis assinalar em conferência de imprensa, ressalvando que a pandemia não acabou. Ainda assim, há estruturas que já não se revelam necessárias, como os centros de acolhimento temporário a nível distrital, que começaram a ser encerrados.
Estes seis espaços, instalados em Viana do Castelo, Braga, Porto, Vila Real, Bragança e Santa Maria da Feira (Aveiro Norte), acolheram idosos que residiam em instituições e foram infectados com covid-19, mas que não apresentavam sintomas suficientemente graves para necessitarem de internamento hospitalar. Foram “determinantes” para que todos se sentissem mais seguros, frisou Eduardo Pinheiro, esta terça-feira, em conferência de imprensa no Porto, mas estão a ser encerrados, por, neste momento, não serem necessários. Contudo, à semelhança do que aconteceu com alguns hospitais de campanha montados por várias autarquias e já encerrados (muitos dos quais sem terem sido utilizados), não vão simplesmente desaparecer. “Manter-se-ão devidamente equipados, caso seja necessária a sua reabertura, numa situação de pioria do estado da pandemia”, disse o secretário de Estado.
As razões para o optimismo, ainda que cauteloso, do governante, estão todas contidas nos números que foi apresentando. Apesar de o Norte ter sido a região em que primeiro surgiram casos da covid-19, e de a região se ter mantido durante muito tempo como a principal zona de disseminação da doença, as últimas semanas têm mostrado que a situação, por enquanto, mudou.
A 10 de Abril, o pior dia a nível da infecção na região, o Norte teve 795 novos casos confirmados, em oposição a esta segunda-feira, quando, pela primeira vez - a informação de que, num outro dia não teria havido também qualquer caso foi, posteriormente, corrigida, disse Eduardo Pinheiro -, em 24 horas, não se registou ali qualquer nova infecção. E se se olhar para um período mais abrangente, a diferença também é notória: “Na semana mais crítica, entre 27 de Março e 2 de Abril, registaram-se 3480 novos casos confirmados” no Norte do país, esclareceu o responsável. Na semana de 26 de Maio e 1 de Junho o número desceu para apenas 63. Com 16.760 casos registados em toda a região até à data desta segunda-feira, o secretário de Estado afirmou que a situação da pandemia está num período de “clara contenção” e que os resultados são “claramente positivos”.
Isto não significa que o vírus tenha desaparecido ou que a pandemia tenha terminado, insistiu Eduardo Pinheiro, dizendo mesmo que o período que agora vivemos, com o regresso aos locais de trabalho, a abertura generalizada do comércio e a abertura da época balnear, é “não menos importante do que há dois meses”. E que exige ainda mais responsabilidade e a garantia de que as regras que têm vindo a ser repetidas desde o primeiro momento continuam a ser cumpridas: distanciamento entre as pessoas, etiqueta respiratória (com o uso de máscara em espaços fechados) e higienização pessoal e dos espaços.
Os testes também vão continuar a ser feitos, sobretudo os de diagnóstico, já que não há ainda um plano para implementar os testes de imunidade a nível nacional ou regional, afirmou o governante.
Para já, de novo, ficam os números. Desde o início da pandemia foram realizados na região Norte mais de 180 mil testes, 150 mil dos quais exclusivamente no Serviço Nacional de Saúde. Somam-se a esses 30 mil realizados por entidades de investigação e ensino e “uns milhares” que o responsável não precisou, feitos em laboratórios privados convencionados.
De todos os testes realizados, uma parte destinou-se a pessoas cujas funções exercidas - em lares ou em creches - levavam a que fossem consideradas como prioritárias. Assim, segundo Eduardo Pinheiro, foram testados cerca de 25 mil profissionais de 860 lares e outras estruturas residenciais ou de apoio a idosos, em que foi detectada uma taxa de infecção média a rondar os 2%. No caso dos profissionais das creches, houve cerca de nove mil, de 830 instituições, que também foram testados, mas aqui a taxa de infecção foi “marginal, abaixo dos 0,3%”, disse.
Congratulando-se pela capacidade demonstrada pelo SNS e pelo Estado em responder à pandemia, Eduardo Pinheiro agradeceu às mais diversas estruturas que colaboraram no combate à pandemia, mas realçou o trabalho dos autarcas que “desde o primeiro dia arregaçaram as mangas e fizeram muita coisa acontecer no terreno”. Com o vírus ainda activo, a mensagem para todos, mesmo em dia de boas notícias, é que “o extraordinário exemplo cívico dos portugueses e particularmente dos portugueses da região Norte” continue, apelou.