Fim do estacionamento em S. Paulo foi “decisão dolorosa” mas inevitável

Autarca da Misericórdia reconhece que o estacionamento é um bem escasso naquela zona da freguesia, mas que a operação da Carris estava a ser muito afectada.

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Rua de São Paulo ficou sem 30 lugares de estacionamento automóvel Nuno Ferreira Santos

A presidente da Junta de Freguesia da Misericórdia diz que “foi com grande pesar” que, em conjunto com a Câmara de Lisboa e a EMEL, tomou “a decisão dolorosa” de acabar com o estacionamento automóvel na Rua de São Paulo, mas que a situação era “incomportável” para a Carris.

Carla Madeira diz que o objectivo inicial da empreitada era melhorar a operação da transportadora lisboeta, cujos eléctricos ficavam frequentemente parados na Rua de São Paulo devido a maus estacionamentos. “Aquele projecto foi desenhado pela câmara muito antes da covid-19, é algo com que se vem a sonhar há muitos anos”, explica a autarca.

Como a obra coincidiu com o período de desconfinamento e a EMEL o referiu explicitamente num comunicado de imprensa, os comerciantes da rua ficaram com a expectativa de poder criar esplanadas, outrora impossíveis pela largura estreita do passeio, mas alguns viram os antigos lugares para carros serem transformados em lugares para motas e bicicletas.

Já depois de a câmara ter dito ao PÚBLICO que estava disponível para ajustes, também Carla Madeira diz ter a mesma garantia. “Já falei com a câmara e com a EMEL e há acordo até para pôr ali um passeio mais digno”, afirma a presidente da junta, sem contudo apontar uma data para essa obra.

“Procurámos a todo o custo manter aqueles lugares de estacionamento”, diz a autarca, especificando que a dado ponto a permissão de parquear foi dada apenas aos moradores. “As coisas melhoraram, mas não ficaram resolvidas. A situação foi-se protelando, protelando. Era uma decisão muito difícil eliminar aqueles lugares de estacionamento, mas chegou uma altura em que a câmara e a Carris disseram que era incomportável”, afirma Carla Madeira. “Foi com grande pesar que todos nós tomámos esta decisão dolorosa.”

De acordo com um relatório técnico da autarquia sobre a implementação da futura Zona de Emissões Reduzidas da Baixa-Chiado, a Rua de São Paulo é a artéria lisboeta onde a Carris perdeu mais horas de operação em 2019. Foram 94,4 horas e 158 veículos imobilizados.

A obra na Misericórdia começou há duas semanas e estende-se desde São Paulo até ao Conde Barão, sendo responsabilidade da EMEL, seguindo um projecto da câmara. De acordo com a EMEL, está prevista a criação de 18 lugares de estacionamento automóvel para moradores nas imediações da Praça e da Rua de São Paulo, além de 20 lugares para motas e 26 para bicicletas em toda a extensão da obra.

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