Já estão escolhidos os cinco candidatos ao Nobel da Literatura
Processo de selecção começou por reunir 200 autores numa lista que em Abril foi reduzida a 15 nomes e agora chega aos finalistas. Será que o mais prestigiado prémio literário do mundo volta este ano a ser atribuído a um africano?
Maio passou e, de acordo com o calendário do Nobel da Literatura, o mais celebrado dos prémios para a escrita, a lista inicial de 200 autores está agora reduzida a cinco candidatos.
Depois de os últimos anos terem sido bastante conturbados, com fugas de informação e escândalos sexuais a comprometerem o bom-nome da Academia Sueca e a porem em dúvida a legitimidade do processo de selecção, o Nobel da Literatura está de novo em velocidade de cruzeiro, mesmo num cenário de pandemia em que a Suécia, país que o promove, se apresenta com um caso muito particular.
Suspenso em 2018 e entregue em dose dupla (ao austríaco Peter Handke e à polaca Olga Tokarckzuk) em Dezembro, o prémio está agora a cumprir todas as etapas previstas sem atrasos. Reduzida a lista de 200 para 15 candidatos em Abril, é chegada a vez de os 18 académicos encarregados da escolha organizarem as suas leituras de Verão em torno da obra dos cinco autores finalistas desta edição.
Os membros da Academia trabalharão a partir das suas casas e dos lugares onde decidirem passar as férias e em Setembro deverão reunir-se para tomar uma decisão. Em Outubro o vencedor será anunciado, e em Dezembro receberá o prémio das mãos do rei da Suécia. Só não se sabe ainda se a sofisticada gala para centenas de convidados em que é habitualmente entregue vai seguir os moldes habituais ou se será mais comedida para respeitar medidas de contenção da covid-19, embora a estratégia da Suécia no combate ao novo coronavírus esteja a ser radicalmente diferente da da esmagadora maioria dos países.
Segundo o diário espanhol El País, as especulações em torno do escolhido atribuem o prémio deste ano a um escritor nascido em África. Mas “tudo pode acontecer”, disse ao jornal o espanhol Paco Uriz, poeta, tradutor e grande conhecedor dos intrincados meandros da Academia Nobel.
Da longa lista inicial de 200 autores faziam parte, garante o diário El País, o romeno Mircea Cartarescu, o húngaro László Krasznahorkai, a francesa Nina Bouraoui, a finlandesa Sofi Oksanen, o norueguês Jon Fosse, a russa Liudmila Ulítskaia, o queniano Ngugi wa Thiong’o, a guadalupenha Maryse Condé e o israelita David Grossman, que substitui entre os eleitos o recorrente favorito Amos Oz, que morreu em Dezembro de 2018.
Entre os escritores mencionados nas listas de editores e críticos literários estarão também Adonis (outro nome recorrente), Thomas Pynchon, Joyce Carol Oates, Richard Ford, Pascal Quignard, Pierre Michon, Annie Ernaux, Milan Kundera, Anne Carson, Gerald Murnane, John Banville, Julian Barnes, Hilary Mantel ou Ian McEwan, este último um dos mais fortes candidatos nos últimos anos, a avaliar pelas bolsas de apostas em edições anteriores.
Os nomes dos que passaram este ano à shortlist estão ainda no segredo dos deuses, mas, a confirmarem-se as suspeitas de que será um autor africano, o diário espanhol garante que é bem provável que a escolha recaia em Ngugi wa Thiong’o (outro dos nomes mais insistentemente referidos nos últimos anos), Nuruddin Farah ou Chimamanda Ngozi Adichie.
Pelo artigo do El País não é possível apurar se o eterno “candidato” português — António Lobo Antunes — esteve na lista original e muito menos se chegou a transitar para alguma das seguintes. Será preciso esperar por Outubro para saber se a Academia Sueca acedeu ao pedido feito em Setembro do ano passado, em Lisboa, pelo filósofo francês Bernard-Henri Lévy.