Fundão pede apoio depois de ano agrícola “completamente arruinado” pela trovoada

Prejuízos no concelho podem ascender aos 20 milhões de euros só no Fundão. Belmonte, Covilhã, Penamacor, Castelo Branco, Tarouca e Armamar também foram afectados.

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Perdas nas colheitas podem ser superiores a 90% devido à chuva intensa do fim-de-semana Adriano Miranda

A Câmara do Fundão apelou esta segunda-feira à “urgente” aprovação de apoios para os agricultores, na sequência da trovada de domingo, que arruinou “completamente” o ano agrícola, com prejuízos que podem ascender os 20 milhões de euros só naquele concelho.

“O ano agrícola está completamente arruinado e se não houver rapidamente uma resposta concertada de todos e de diferentes linhas de apoio, estaremos a pôr em causa, para muitos anos, aquilo que é uma das maiores fontes de rendimento e de sustentabilidade económica, social e ambiental, como é a agricultura na região”, afirmou, em declarações à agência Lusa, o presidente da Câmara do Fundão, Paulo Fernandes.

Lembrando que a trovoada se prolongou durante mais de uma hora com queda muito intensa de granizo, muita chuva e vento, o autarca frisa que os prejuízos abrangem “todas as fileiras produtivas” do concelho, nomeadamente a da cereja que já se debatia com perda graves, bem como do pêssego, vinha e olival.

“Se até ao dia de ontem [domingo] estávamos numa situação de calamidade produtiva na fileira da cereja, com perdas superiores a 80%, agora já estamos a falar de mais de 90%. Além disso, temos todas as fileiras produtivas da agricultura do concelho absolutamente afectadas”, apontou.

A autarquia fundanense já tem equipas no terreno e o primeiro balanço aponta para prejuízos directos acima dos 20 milhões de euros, valor que irá crescer “quase de certeza”, porque “sobrou muito pouco” e o relato de danos continua a crescer.

“Estamos a falar de uma situação de gravidade extrema. É algo terrível e um momento muito duro”, sublinhou, lembrando que o sector agro-industrial no concelho representa cerca de 100 milhões de euros por ano.

Paulo Fernandes sublinha que já está a fazer diligências junto da Direcção Regional de Agricultura, das associações produtivas da região e do Governo, sendo que irá enviar um pedido de reunião “urgente” à ministra da Agricultura, Maria do Céu Albuquerque, que em visita recente ao concelho prometeu estudar uma linha de crédito bonificada para a fileira da cereja.

“Precisamos que essas linhas se activem o mais depressa possível, mas também precisamos de activar linhas dos apoios a fundo perdido, nomeadamente as linhas do Programa de Desenvolvimento Rural (PDR), que apoiam a reposição do potencial produtivo, porque há aqui perdas estruturais, pomares que ficaram estruturalmente afectados e infra-estruturas que ficaram destruídas de forma definitiva”, acrescentou.

O autarca ressalvou ainda que a trovada também provocou danos em equipamentos e infra-estruturas públicas e em várias empresas da zona industrial. Além disso, adiantou que vai conjugar esforços com os autarcas dos concelhos de Belmonte, Covilhã, Penamacor e Castelo Branco, cujos concelhos também foram afectados.

Covilhã pede ajuda para cenário de “calamidade”

A Câmara da Covilhã disse esta segunda-feira querer que o Governo aprove apoios directos para os agricultores, depois do mau tempo de domingo, que provocou “prejuízos muito elevados” e uma situação de “calamidade” nas produções do concelho, nomeadamente no pêssego.

“É um cenário de calamidade e uma situação muito preocupante. Num momento de pandemia e de recessão económica, acresce agora esta intempérie extrema que veio arruinar os campos e dar a machada final àquela que é uma fonte de rendimento muito significativa no concelho”, frisou o presidente da Câmara da Covilhã, Vítor Pereira.

O autarca deste concelho do distrito de Castelo Branco explicou que a trovoada intensa de domingo, com granizo, chuva e vento, afectou com maior intensidade a zona que faz fronteira com os concelhos de Belmonte e do Fundão, nomeadamente nas freguesias de Peraboa e Ferro.

Segundo frisou, nessa zona registam-se prejuízos de 80 a 90% em todos os sectores de produção agrícola e culturas da época, com especial destaque para a produção de pêssego, que é muito representativa neste concelho.