Antigos donos da Nowo lançam OPA sobre a nova dona da Nowo
Fundos KKR, Providence e Cinven lançam oferta de 2960 milhões de euros sobre a MásMóvil, a quarta operadora do mercado espanhol, que é accionista da Nowo e da Oni.
Os fundos norte-americanos KKR e Providence e o britânico Cinven, reunidos na sociedade Lorca Telecom BidCo, lançaram uma Oferta Pública de Aquisição (OPA) sobre a operadora espanhola MásMóvil, que é, desde o Verão passado, a principal accionista da Nowo e da Oni, depois de ter comprado estas empresas à Cabolink, uma entidade indirectamente detida por fundos geridos pela KKR.
A Lorca Telecom BidCo propõe aos accionistas da MásMóvil uma contrapartida de 22,5 euros por cada acção, o que avalia a operadora espanhola em cerca de 2960 milhões de euros e representa um prémio de 20% sobre a cotação de fecho na sexta-feira. As acções da MásMóvil, empresa com sede em Madrid, que é a quarta operadora de telecomunicações do mercado espanhol, reagiram em alta ao anúncio, subindo cerca de 22%, para quase 23 euros, na bolsa espanhola.
O sucesso da oferta está condicionado à aquisição de pelo menos 50% das acções da MásMóvil, que poderá ser retirada de bolsa. No anúncio preliminar enviado esta manhã à entidade supervisora do mercado financeiro espanhol (a CNMV), a Lorca Telecom BidCo revela que já chegou a acordo com os principais accionistas da empresa, que se comprometeram a vender na oferta acções representativas de 29,56% do capital.
No documento é ainda referido que o conselho de administração da MásMóvil reconhece “a sua opinião positiva” sobre a oferta, considerando-a “uma oportunidade de criação de valor para os accionistas”, e que irá “pronunciar-se positivamente” sobre ela. A oferente também nota que dispensa a administração da operadora do habitual “dever de passividade” – enquanto decorre uma oferta de aquisição, a administração da empresa visada deve manter-se em gestão corrente, abstendo-se de tomar decisões que possam alterar a situação patrimonial da sociedade, como a compra e venda de activos, por exemplo.
A oferente diz expressamente que autoriza o grupo MásMóvil a continuar “com a sua estratégia de crescimento e expansão, incluindo, sem limitações, potenciais novos projectos corporativos de fusões e aquisições e ou de desenvolvimento de infraestruturas”. O negócio tem entretanto de ser notificado à Comissão Europeia.
A concretizar-se a operação, trata-se de mais uma mudança de mãos da Nowo (antiga Cabovisão) e da Oni, que já chegaram a ser detidas pela Altice. Antes de comprar a antiga PT Portugal (em 2015), a Altice comprou a operadora de cabo Cabovisão à canadiana Cogeco (em 2011) e a operadora de telecomunicações empresariais Oni à Gestmin/Riverside (em 2013).
A Apax França e a Fortino foram os accionistas seguintes, até terem vendido as suas acções no final de 2018 aos fundos da KKR, que depois as venderam à MásMóvil no Verão passado.