Desapareceu Christo, o artista que dessacralizou, com espectáculo, os monumentos e os lugares
Atravessou a segunda metade do século XX e exprimiu as contradições das neo-vanguardas, com uma obra que seduziu pelo seu gigantismo e efemeridade. Obituário de Christo, o artista de origem búlgara que se cruzou com a arte portuguesa e que procurou oferecer uma outra percepção do real. Expandindo a escultura à escala e ao tempo da cultura do espectáculo.
Natural de Gabrova, Bulgária (1935), Christo faleceu no passado domingo, na sua casa, em Nova Iorque, onze anos depois da morte da sua companheira na vida e na arte, Jeanne-Claude Denat de Guillebon. É uma notícia de um curioso simbolismo. O nome Christo remete desde logo para monumentos, espaços públicos, ambientes urbanos e rurais cobertos de tecido ou plástico. Embrulhados com a textura e a cor dos materiais. Na forma de espectáculos únicos, como foram as intervenções no Reichstag (1995), em Berlim, na Point-Neuf (1983), em Paris, à volta de onze ilhas na Florida, (1982), no Central Park, em Nova Iorque (2005), em vales no Japão (com o projecto The Umbrellas). Nas presentes condições políticas, sociais e ambientais, qual será o significado dessas obras? Como podemos, devemos hoje olhar para elas? O que dizem de um período histórico e de uma certa arte contemporânea? Respostas, ainda que provisórias, hão-de surgir. Para já, regressemos a Christo, artista que na sua condição globetrotter se cruzou com a arte portuguesa.
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