Câmara da Trofa afirma que “é contra” aterro em Covelas
Na véspera de uma manifestação, presidente da Câmara toma uma posição, seguindo os partidos que o suportam, a oposição, a junta e a população de Covelas.
A Câmara da Trofa garante que vai emitir parecer contra o aterro que a Resinorte está a tentar licenciar em Covelas, embora admita, no mesmo comunicado em que assume esta posição, que tem estado a negociar contrapartidas com esta empresa que gere os resíduos urbanos de 35 municípios da região. O autarca Sérgio Humberto, eleito por uma coligação PSD-CDS, clarificou a sua posição na véspera de uma manifestação contra este equipamento sanitário, convocada para o centro da cidade.
Num comunicado em que denuncia que “devido a acções partidárias criadas artificialmente, com o único propósito de atacar e descredibilizar a Junta de Freguesia de Covelas e o seu Executivo”, a “população está a ser enganada e manipulada para criar instabilidade e preocupação”, o autarca assume que o executivo do município sabia, desde 2017, da intenção da Resinorte, mas assegura que evitou tomar posição pública sobre ela enquanto a empresa não concretizasse a intenção de investimento.
Nas declarações que fez, nas últimas semanas, Sérgio Humberto chegou a dizer, à Lusa, a 19 de Maio, que a Câmara iria receber dois milhões de euros de indemnização. Agora, na véspera da manifestação convocada por um grupo de covelenses, e depois de auscultar os partidos que suportam a coligação, e que são também contra esta obra, os vereadores da maioria que lidera o município assumem que, perante aquela que é também a posição da população e dos órgãos da freguesia, a Câmara da Trofa “tudo fará para que este aterro não seja uma realidade”.
“Queremos clarificar que não estamos contra a Resinorte, entidade que nos merece toda a consideração e com quem queremos continuar a trabalhar, mas nunca poderemos fazê-lo abdicando da nossa paz social e da nossa coesão”, dizem ainda os membros da coligação PSD-CDS. Que deixam cair, neste comunicado, que o parecer que o município vai apresentar “não é vinculativo”, e que será o ministério do Ambiente, através da CCDRN, a aprovar ou chumbar o pedido de licenciamento já apresentado por aquela empresa.
“Por isso, por acreditarmos e defendermos que os Covelenses merecem respeito e merecem ser recompensados, tínhamos exigido contrapartidas que seriam canalizadas para benefício directo de todos os habitantes de Covelas, como por exemplo, a construção da infraestrutura de rede de abastecimento de água, a requalificação de vias, a implementação de ilhas ecológicas/estruturas enterradas, a limpeza de montureiras, a colocação de equipamentos de recolha selectiva de resíduos e ainda o desenvolvimento de acções de sensibilização ambiental, entre outras” medidas, explicam.
Mas, em Covelas, dezenas de anos de problemas ambientais com a fábrica da Savinor e a proximidade do aterro entretanto selado em Santo Tirso (e junto ao qual a Resinorte pretende instalar o novo equipamento), levam a que muitos não queiram sequer ouvir falar em contrapartidas. Expressões como “merecemos descanso” e “já demos o nosso contributo ambiental”, escutadas pelo PÚBLICO entre opositores ao projecto, mostram que este dificilmente será aceite, mesmo que a Resinorte se comprometa a desenvolver um aterro sanitário com a melhor tecnologia do mercado. E, ao lado, a Câmara de Santo Tirso já assumiu, também, que vai tentar impedir que a obra avance.