Os portugueses que coleccionam nuvens
Quase não passa um dia sem que fitem o céu à procura de uma raridade ou do sublime que o banal esconde. Há batalhas nos céus que parecem cachos de fino cabelo branco quando vistas do chão. Fotografam-nas, filmam-nas e partilham-nas: eis a Sociedade de Apreciação de Nuvens.
Diana passeava-se pela serra da Lousã quando viu numa nuvem um homem “com a língua de fora”. Era como se aquele aglomerado de água suspenso gozasse com os incautos humanos lá em baixo. E uma tempestade caiu sobre Diana – a nuvem tinha-a avisado. Vera lembra-se de ver nuvens produzidas pela instabilidade Kelvin–Helmholtz, parecidas com as ondas do mar – “tão depressa se formam como se dissipam”. Gabriela, médica, olha para o céu e consegue “esquecer as coisas do dia-a-dia”, “tirar um minuto para apreciar simplesmente uma coisa bonita”. Eduardo escreveu uma peça de teatro, Autocarro para Sonhos, na qual uma fábrica produzia nuvens, e uma curta-metragem, Penúmbria, “toda passada numa cidade sempre enevoada”.
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