PAIGC pede inquérito parlamentar a ataque a deputado da Guiné-Bissau

Marciano Indi, da Assembleia do Povo Unido - Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB) foi raptado e espancado na sexta-feira.

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Domingos Simões Pereira, do PAIGC, durante a campanha eleitoral LUSA/ANDRÉ KOSTERS

O Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) pediu nesta quarta-feira a criação de uma comissão de inquérito parlamentar ao ataque de sexta-feira contra o deputado guineense Marciano Indi.

“Tratando-se de um assunto ligado à segurança pública e dos eleitos do povo, que deve preocupar a Assembleia Nacional Popular, o grupo parlamentar do PAIGC concluiu que se torna necessária a criação de uma comissão parlamentar de inquérito para averiguar as circunstâncias em que ocorreu o rapto e espancamento do deputado da Nação e apurar responsabilidades”, diz o partido no pedido.

O pedido foi feito numa carta enviada pelo grupo parlamentar do PAIGC ao presidente do parlamento, Cipriano Cassamá.

O deputado Marciano Indi, da Assembleia do Povo Unido - Partido Democrático da Guiné-Bissau (APU-PDGB) foi raptado e espancado na sexta-feira por um grupo de desconhecidos, mas acabou por ser libertado, depois da intervenção do presidente do parlamento.

Marciano Indi é conhecido pela sua posição crítica face ao actual poder na Guiné-Bissau, nomeadamente o líder da APU-PDGB e primeiro-ministro, Nuno Nabiam, com quem se incompatibilizou de forma aberta.

Indi tem defendido a continuidade do seu partido no acordo de incidência parlamentar assinado com o PAIGC, em Março do ano passado, para desta forma criar uma maioria no parlamento.

O PAIGC venceu as legislativas de Março de 2019 sem maioria e fez um acordo parlamentar com a APU-PDGB, Partido da Nova Democracia e União para a Mudança, obtendo 54 dos 102 assentos no parlamento.

Logo no início da legislatura, o líder da APU-PDGB, Nuno Nabiam, que ocupava o cargo de primeiro vice-presidente do parlamento, incompatibilizou-se com o PAIGC e aliou-se ao Movimento para a Alternância Democrática (Madem-G15), segunda força política do país, com 27 deputados, e Partido da Renovação Social, que elegeu 21 deputados.

Apesar da nova aliança, quatro dos cinco deputados da APU-PDGB mantiveram a sua lealdade ao acordo de incidência parlamentar assinado com o PAIGC.

Os dois blocos reivindicam ter a maioria no parlamento.

A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), organização sub-regional que tem mediado a crise na Guiné-Bissau, emitiu um comunicado em Abril, onde reconhece Umaro Sissoco Embaló como Presidente do país e insta as autoridades a nomear um Governo, que respeite os resultados eleitorais, bem como uma revisão à Constituição, que seja aprovada por referendo.

O prazo da CEDEAO para formação de um novo Governo terminou na sexta-feira. O chefe de Estado guineense deu agora ao parlamento até 18 de Junho para apresentar uma solução para a situação política que o país vive. Caso contrário, disse, dissolve o parlamento.

A Guiné-Bissau vive desde o início do ano mais um período de crise política, depois de Sissoco Embaló, dado como vencedor das eleições pela Comissão Nacional de Eleições, se ter autoproclamado Presidente do país, apesar de decorrer no Supremo Tribunal de Justiça um recurso de contencioso eleitoral apresentado pela candidatura de Domingos Simões Pereira (PAIGC).

Sissoco Embaló demitiu o Governo do PAIGC liderado por Aristides Gomes e nomeou para o cargo Nuno Nabiam, líder da APU-PDGB, que formou um Governo com parte do Madem-G15, o PRS e elementos do movimento de apoio ao antigo Presidente guineense José Mário Vaz, e do antigo primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior.