Morreu Mory Kanté, o músico que fez de Yéké yéké um sucesso planetário

O músico guineense, mestre da kora a quem chamavam “griot eléctrico”, assinou em 1987 uma canção, Yéké yéké, que levou a música guineense ao topo das tabelas mundo fora. Morreu aos 70 anos, em Conacri.

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Mory Kanté foi apelidado "griot eléctrico" pela forma como fundia na sua música tradição e modernidade DR
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Rafael Marchante / Reuters
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Jean Blondin / Reuters

O cantor e músico guineense Mory Kanté, conhecido pelo sucesso mundial  Yéké yéké, na década de 1980, morreu esta sexta-feira aos 70 anos num hospital de Conacri, após doença prolongada, anunciou o filho.

Apelidado de griot elétrico, designação que aludia ao facto de ser um griot que fundia os velhos costumes com a modernidade — os griots são os músicos responsáveis pela preservação e difusão dos mitos, histórias e tradições populares na África ocidental —, Mory Kanté ajudou a popularizar a música africana e guineense em todo o mundo. Lançado em 1987, o single Yéké Yéké, extraído do álbum Akwaba Beach, vendeu milhões de cópias e chegou ao topo das tabelas em muitos países.

Nascido na Guiné de uma família maliano-guineense, foi no Mali, país para o qual a família o enviou, aos sete anos, para aprender o mister de griot, que se iniciou na kora, o instrumento familiar da harpa e da cítara de que se tornou um intérprete exímio — também dominava a guitarra e o balafon. Nos anos 1970 integrou a Bamako Rail Band, que tinha Salif Keita como vocalista. Após a saída deste, foi Mory Kanté que ocupou a sua posição. 

Mory Kanté faleceu “por volta das 9h45 desta manhã no hospital sino-guineense”, disse o seu filho. “Ele sofria de doenças crónicas e viajava frequentemente para França para tratamento, mas com o coronavírus já não era possível”, acrescentou.

“Vimos o seu estado deteriorar-se rapidamente, mas de qualquer forma fiquei surpreendido porque ele já tinha passado por momentos muito piores”, avançou.

Em 1988, Mory Kanté actuou em Portugal, durante a Festa do Avante.