Morreu a Dona Isilda, símbolo da boa gastronomia de Palmela
Maria Isilda Carvalho tinha 87 anos. O generoso buffet dos seus restaurantes é referência obrigatória para quem vive ou visita a região. Cozinha tradicional, continuada pelos filhos.
Figura de referência da gastronomia da região de Setúbal, Maria Isilda dos Santos Carvalho, conhecida como a Dona Isilda, morreu no dia 18 de Maio, aos 87 anos.
Na página de Facebook do restaurante Dona Isilda e na página do Alcanena , os filhos, à frente dos espaços de restauração da família, despedem-se com uma homenagem: “Mãe, porque nem todas as heroínas usam capas, nem todas as rainhas usam coroas e nem todos os anjos usam asas… Grande mulher!”.
Nascida em 1933 na Quinta do Anjo, Palmela, foi aí que trabalhou toda a vida, abrindo primeiro o Alcanena, e mais tarde, em São Brás, a família abriria o restaurante Dona Isilda.
“O restaurante Dona Isilda é uma homenagem à nossa mãe, Maria Isilda Santos Carvalho, nossa fonte de inspiração e principal impulsionadora deste projecto”, pode ler-se no site oficial do local, num texto assinado pelos dois filhos que dão continuação a este ideal gastronómico, Joaquim e Luís Miguel. "Com ela aprendemos e ganhamos os alicerces e experiência que julgamos serem necessários para partirmos para um projecto desta envergadura”, referem.
Virgílio Gomes, historiador de gastronomia, foi sempre um declarado admirador da cozinha da Dona Isilda e do seu famoso buffet com serviço à discrição onde, como escreve numa das suas crónicas, o cliente “pode deliciar-se com uma excelente variedade de queijos, enchidos e presuntos, para além de um conjunto de petiscos quentes, que vão desde os mexilhões de cebolada, bucho, favas guisadas, leitão assado…”.
O sucesso do Alcanena e, depois, do Dona Isilda, baseia-se, na opinião de Virgílio Gomes, “na forma regular como se opera a eficácia culinária baseada em receituário regional e orientado pela grande obreira Dona Isilda”.
Na ementa, vai-se da mão de vaca com grão aos pezinhos de porco de coentrada ou à feijoada à transmontana, passando pelo arroz de pato douradinho por cima e terminando num doce quindão, num leite-creme ou noutra opção por entre a vasta escolha de sobremesas tradicionais. Sendo certo que aqui, uma refeição pede estômago e disponibilidade para tentar provar um pouco, se não de tudo, pelo menos de muita, da generosa oferta, alguma da qual, nomeadamente o Queijo de Azeitão, é de produção familiar.