Acolhimento a refugiados: BE acusa PS de “sectarismo político”
Mais um episódio da troca de acusações na coligação que governa a Câmara de Lisboa.
Depois de uma acesa troca de palavras no fim da semana passada, o vereador do Bloco de Esquerda em Lisboa volta a responsabilizar a maioria socialista por não avançar a construção de um novo centro de acolhimento para refugiados no Bairro Padre Cruz, em Carnide. Em novo comunicado de imprensa, Manuel Grilo acusa o PS de “sectarismo político” por ter decidido “unilateralmente” não candidatar o projecto a fundos europeus.
O vereador do BE, com o pelouro dos Direitos Sociais, comunicou na quinta-feira que a concretização do novo centro de acolhimento estava dependente de uma candidatura a um fundo comunitário nas mãos do vice-presidente João Paulo Saraiva (eleito nas listas do PS). Mas este reagiu na sexta, dizendo que a documentação entregue por Grilo estava incompleta e tinha chegado tarde.
Segundo o gabinete de Saraiva, o pelouro dos Direitos Sociais entregou os papéis do projecto na quarta-feira à tarde, quando faltavam 48 horas para o fim do prazo de candidatura, e sem todos os elementos técnicos necessários.
O BE desmentiu-o e disse que se a candidatura não fosse apresentada, isso dever-se-ia “somente a uma decisão política”. No comunicado entretanto divulgado, os bloquistas voltam à carga. “Ao recusar submeter esta candidatura, o PS não hesitou em lançar suspeitas sobre a competência dos serviços que a prepararam na câmara e na Junta de Freguesia de Carnide”, escreveu o gabinete de Grilo. “Essa deriva da vereação socialista esconde mal as suas verdadeiras razões: a desvalorização da resposta municipal de acolhimento de refugiados e o sectarismo político.”
A Câmara de Lisboa tem desde 2016 um centro de acolhimento temporário com capacidade para 24 pessoas, no Lumiar, destinado a refugiados reinstalados ao abrigo de protocolos europeus. A estrutura proposta pela vereação bloquista, com o apoio da junta de Carnide, teria lugar para 26 pessoas.