Restaurante Líder: até os tomates coração de boi já chegaram

O velho normal parece ter voltado com a nova situação. No clássico restaurante das Antas, no Porto, apenas as mesas que já antes mantinham as distâncias estão agora quase desnudas.

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Teresa Pacheco Miranda
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Não fossem as mesas quase desnudadas e as máscaras do pessoal, no Líder, no Porto, quase nem se dava pelas restrições que os restaurantes tiveram que adoptar para a reabertura. E até já chegaram os tão apreciados tomates coração de boi, também eles a comporem essa sensação de quase normalidade.

Como acontece todos os anos, Manuel Moura já os havia anunciado pelas redes sociais com o costumeiro trocadilho malandreco, mas é agora, de portas abertas, que se podem saborear no seu restaurante. E parecem até mais carnudos, suculentos e saborosos, quem sabe se beneficiando também do ambiente calmo e purificador destes dois meses de abrandamento que a natureza rapidamente absorveu.

Logo à entrada, ocupadas duas das quatro mesas da esplanada; a mesma sensação de normalidade na sala interior, com mesas de ocupação dupla preenchidas por casais ou gente de negócios.

Com uma clientela tradicional e há muito fidelizada, este restaurante da urbanização mais prestigiada da zona das Antas quase nem teve que fazer adaptações. As mesas já antes mantinham as distâncias que agora são obrigatórias por questões de saúde, estando apenas duas delas desactivadas, dada a sua localização em função dos movimentos de serviço.

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Até a carta parece não ter sido atacada pelo efeito covid-19, propondo a tradicional e apreciada oferta de carnes e peixes frescos: filetes de pescada, polvo à lagareiro, cabritinho assado no forno e também, claro, as tripas, que são o emblema da casa.

“Não podem nunca faltar. Foi a pedido dos hotéis, que queriam mandar cá os turistas, que começamos a ter as tripas todos os dias”, reforça Manuel Moura, concedendo que a ausência da clientela estrangeira será porventura a marca que mais perdurará. “Isto vai arrancar devagarinho, mas nas casas com qualidade e consistência as coisas rapidamente vão voltar ao normal”, confia o proprietário do Líder, que aproveitou o tempo de paragem para “dar uma refrescadela” à casa. Obras como uma nova pintura e a remodelação do balcão do bar de entrada, que em condições normais exigiriam o fecho do restaurante.

Quanto ao mais, este é um espaço que, mesmo tendo nascido na década de 1960, foi projectado de forma modelar. O acesso para fornecedores, ou às áreas de armazém e cozinha, é feito pelo lado oposto do edifício, zonas que são também dotadas de balneários e instalações sanitárias exclusivas e com circuitos que nunca se cruzam. 

Neste dia de reabertura, o corte com a normalidade veio apenas das máscaras e da ausência de baixela. Sobre cada mesa apenas as alvas toalhas de algodão e uma pequena estrutura acrílica transparente com a carta do dia. Não falta também a eficiência e cordialidade quase familiar de Manuel Moura e da sua equipa a reforçar o velho normal desta nova situação. 

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