Graça Freitas: “Se não tivermos vacina, vamos ter de conviver com o vírus até termos imunidade”

Portugal regista subida de casos de 0,78% e mais 15 mortes. Estão internadas 649 pessoas, das quais 108 em unidades de cuidados intensivos. Já foram dadas como recuperadas 4636 pessoas.

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Serviço de Medicina Interna do Hospital Curry Cabral, em Lisboa, que foi transformado para acolher apenas doentes infectados com covid-19 rui gaudencio

Foram registadas mais 15 mortes por covid-19 em Portugal face a sábado, o que faz aumentar o número total de vítimas mortais para 1218, correspondendo a uma taxa de crescimento de 1,2%. São agora 29.036 os casos confirmados desde o início do surto, mais 226 do que no sábado, o que representa um aumento de 0,78%, valor semelhante ao de ontem (0,79%).

Já foram declaradas como recuperadas 4636 pessoas, mais 814 do que no dia anterior. Estão internadas 649 pessoas, das quais 108 em unidades de cuidados intensivos. O Norte mantém-se como a região mais afectada, com 16.352 casos de infecção e 693 mortes. Lisboa, no entanto, é o concelho com maior número de infectados: 1938.

Os dados estão no boletim epidemiológico divulgado este domingo pela Direcção-Geral da Saúde (DGS), cuja actualização é feita diariamente com informação até à meia-noite do dia anterior.

A taxa de letalidade global é de 4,2%. Acima dos 70 anos, a taxa de letalidade sobe para 15,6%, anunciou o secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, na conferência de imprensa deste domingo sobre a evolução da pandemia em Portugal. No domicílio estão 77,6% dos doentes. Nos hospitais estão internados 2,3% dos casos: 0,4% em unidades de cuidados intensivos e 1,9% em enfermaria.

Foram realizados 636 mil testes de diagnóstico

O secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, anunciou que, desde 1 de Março, foram realizados “cerca de 636 mil testes de diagnóstico” em Portugal. 14 de Maio foi o dia com mais testes, “cerca de 17.750”. “Já não nos limitamos a testar, procuramos respostas junto do vírus para o combater de forma cada vez mais eficaz. O trabalho dos investigadores dá-nos muita esperança”, acrescentou o secretário de Estado da Saúde.

Quanto aos testes a profissionais de saúde, António Lacerda Sales reafirmou que “sempre que uma pessoa testou positivo dentro de uma instituição do Serviço Nacional de Saúde, todos os contactos próximos foram testados e monitorizados”.

O secretário de Estado da Saúde esclareceu que há uma distinção entre contactos próximos com alto risco de exposição e contactos próximos com baixo risco de exposição: “A estes últimos recomenda-se vigilância passiva. Os casos de contacto de alto risco, quer sintomáticos quer assintomáticos, são colocados em isolamento profiláctico sob vigilância activa, havendo sempre teste em caso de desenvolvimento de sintomas.”

Graça Freitas: “É melhor estarmos preparados para que este vírus se venha a tornar habitual nas nossas vidas”

“É melhor estarmos preparados para que este vírus se venha a tornar habitual nas nossas vidas. Se não sofrer mutações importantes, o que vai acontecer é que, com o passar do tempo, quer exista vacina ou não, os seres humanos vão ganhando imunidade e o vírus torna-se menos agressivo”, disse a directora-geral da Saúde, Graça Freitas, na conferência de imprensa. “Se tivermos vacina, melhor. Se não tivermos, vamos ter de conviver com o vírus até termos imunidade natural”, acrescentou.

Em relação à desinfecção de ruas, Graça Freitas afirmou que “não está provado que seja eficaz usar desinfectantes em grandes superfícies”. “Numa estrada ou numa rua, a probabilidade de lá existir este tipo de vírus é pequena, dado o tipo de transmissão. Como alguns dos produtos podem ter efeitos negativos no ambiente e na saúde das pessoas, a DGS não a recomenda”, referiu. “Diferente disso são as medidas de limpeza habituais das autarquias. Contra a higienização da via pública, obviamente não temos nada contra”, explicou Graça Freitas.

Nas praias deve manter-se o “bom senso”

Questionado sobre as regras a implementar nas praias, António Lacerda Sales destacou o “bom senso” e as “boas práticas” dos portugueses. “Temos de continuar a acreditar na consciência social dos portugueses”, disse o secretário de Estado da Saúde.

No mesmo sentido, a directora-geral da Saúde referiu que “o bom senso terá de ser sempre observado quer se esteja no areal, na rua, na água”. “O que interessa é manter esse hábito de nos distanciarmos fisicamente, pelo menos no contacto frontal, o contacto lateral envolve menos riscos”, salientou Graça Freitas.

Duas novas orientações para grávidas

Graça Freitas anunciou ainda que, nas próximas 24 a 48 horas, serão publicadas duas novas orientações relativamente às grávidas.

“Separamos os procedimentos das grávidas dos procedimentos do recém-nascido. Os profissionais fiquem descansados, vamos fornecer essa informação. Há muitas nuances que foi preciso consensualizar entre obstetras e neonatologistas”, afirmou a directora-geral da Saúde.

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