A Audioesfera cria playlists personalizadas para cada espaço
A música que passa num estabelecimento pode marcar o cliente pela positiva e, acreditam os criadores da Audiosfera, “influenciar a vontade de as pessoas voltarem e comprarem ou consumirem”. Empresa dedica-se a criar a playlist perfeita para cada espaço.
O ambiente de um café ou restaurante é bastante importante na percepção do espaço pelo cliente. E, para a Audioesfera, a música é um factor decisivo nesse aspecto. A empresa, que nasceu este ano, foi fundada por Diogo Valente, um designer obcecado por “procurar e organizar música”. A ideia surgiu quando vivia em Londres com a namorada, Janete Silva. Lá percebeu que muitos espaços comerciais mostravam uma preocupação com a música que não sentia por cá. Quando regressou, concluiu que não existia nenhum serviço “do género”, para além de “plataformas que fazem a curadoria através de algoritmos”. Com Janete a tratar da comunicação e marketing, a ideia virou realidade.
De momento, o projecto está numa fase experimental, pelo que os estabelecimentos interessados podem fazer um teste gratuitamente: basta preencher um formulário para receber uma playlist com a duração de 12 horas, o que corresponde normalmente ao horário diário de um espaço comercial. O público-alvo são lojas independentes e restaurantes pequenos, mas o casal espera futuramente alcançar espaços maiores. O cliente ideal é “aquele que dá valor à música e que entende que o mood dos clientes e o ambiente do espaço em si podem influenciar a vontade de as pessoas voltarem e comprarem ou consumirem”, realça Janete ao P3.
A playlist é elaborada especialmente para cada espaço e tem em consideração vários parâmetros como o tipo de estabelecimento, o horário de funcionamento, os géneros que preferem, entre outros. “Nós enviamos o formulário antes de começar a playlist para entender o tipo de cliente e também o tipo de trabalhador porque também nos preocupamos com o lado de quem está a ouvir aquilo todo o dia, pode-se tornar saturante, por exemplo, na época natalícia”, explica.
Quem quiser aderir ao serviço, deve aderir a um dos packs mensais. Há vários planos disponíveis, consoante o número de horas de música, a partir de 48 euros. O mínimo é de 24 horas e o máximo é de 168, divididas por 14 playlists de 12 horas.
Até agora, a resposta tem sido boa. “Há muito mercado”, diz Janete. Já trabalharam com espaços como a loja Scar- id, no Porto, que demonstrou logo muito interesse. Os responsáveis pelo espaço “gostam muito de música” e utilizavam o Spotify para fazerem playlists do que mais gostavam, “o que ao fim de um certo tempo fica um bocadinho repetitivo”, considera Diogo. “A música não é só para os clientes, mas também para os colaboradores,” justifica Diogo.
A maior dificuldade será convencer as pessoas de que “o ambiente é importante” e que a música pode diferenciar o espaço. O comércio tradicional funciona “muito com o básico, com o que é essencial, e depois a música é segundo plano”, considera o designer, que está consciente de que mudar essa mentalidade não será fácil. A longo prazo, pretendem criar a sua própria plataforma e conseguir “colaborar com mais curadores, rádios, DJ e músicos”, de forma a criar uma comunidade de “artistas independentes que acredita mesmo no valor da música e na sua potencialidade em espaços comerciais”.