Covid-19: China está já a testar cinco vacinas em pessoas, diz vice-ministro da Saúde

Nos vários projectos chineses para uma vacina da covid-19, já foram vacinadas nos ensaios clínicos 2575 pessoas.

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KAROLY ARVAI/reuters

A China está a testar cinco vacinas experimentais covid-19 em pessoas, devendo subir em breve o número de vacinas, num “contra-relógio global” entre laboratórios, disse esta sexta-feira o vice-ministro da Saúde chinês.

O Governo chinês está a incentivar institutos públicos e empresas privadas a acelerar as suas investigações contra a covid-19, não só para proteger os seus cidadãos, mas também para responder a críticos ocidentais que suspeitam das causas e da origem fortuita da pandemia, conforme adianta a agência de notícias AFP.

“No geral, o progresso está bem encaminhado”, devido à boa cooperação entre serviços de saúde, hospitais e institutos de investigação, disse Zeng Yixin, vice-ministro da Saúde chinês, numa conferência em Pequim. “Um total de 2575 voluntários foram vacinados nos vários projectos” e “nenhum efeito adverso importante foi relatado”.

O responsável chinês não avançou uma data para a comercialização de uma possível vacina, mas disse acreditar que a segunda fase de todos os ensaios clínicos, actualmente em andamento, será concluída em Julho, sendo este o segundo de três estágios dos testes em humanos para validar a sua distribuição e comercialização.

Segundo informações oficiais, a Academia Militar de Ciências Médicas do Exército Chinês, em colaboração com a empresa CanSino Biologics, está a trabalhar numa vacina que usa um adenovírus – um vector do vírus para introduzir o agente patogénico no corpo.

Os outros quatro projectos envolvem vacinas mais convencionais, que contêm uma versão inactivada de um agente patogénico (neste caso, o novo coronavírus SRAS-CoV-2) administrado para desencadear uma resposta imunitária no paciente.

Dois dos projectos são liderados pelo gigante chinês no sector, o China National Biotec Group (CNBG): um em colaboração com o Centro Chinês de Controlo e Prevenção de Doenças, o outro com o Instituto Wuhan de Virologia, a cidade do centro da China onde o coronavírus foi detectado pela primeira vez em Dezembro de 2019 e provocou mortes em cadeia.

A empresa farmacêutica Sinovac, com sede em Pequim, está a testar a sua própria vacina. O nome da entidade que conduzia o quinto ensaio clínico não foi para já divulgado.

Segundo Zeng, as autoridades de saúde poderão dar “luz verde” em Junho para a realização de novos testes de vacinas em seres humanos.

O sector de vacinas na China está contudo afectado por uma crise de confiança após vários escândalos. Um deles ocorreu com a descoberta, em 2018, numa empresa da província de Jilin (Nordeste), de um processo ilegal de fabrico de uma vacina contra a raiva. Também em 2017, um ex-alto funcionário da agência chinesa de drogas foi condenado a dez anos de prisão por aceitar subornos de fabricantes de vacinas.