BE pressiona PS para criar centro de refugiados no Bairro Padre Cruz

Acusado por várias forças políticas de inércia no tratamento do assunto, Manuel Grilo diz ter uma solução para aumentar a capacidade de acolhimento de refugiados.

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Bairro Padre Cruz, para onde o pelouro dos Direitos Sociais perspectiva o novo centro daniel rocha

O pelouro dos Direitos Sociais de Lisboa e a Junta de Freguesia de Carnide chegaram a acordo para a criação de um novo centro de acolhimento a refugiados num edifício municipal do Bairro Padre Cruz. A concretização da obra está ainda dependente de uma candidatura a fundos comunitários.

Dois dias depois de o PÚBLICO ter noticiado que a ampliação do actual Centro de Acolhimento Temporário a Refugiados (CATR) está dois anos atrasada, o vereador dos Direitos Sociais, Manuel Grilo (BE), emitiu um comunicado em que garante ter uma solução alternativa e põe a batata quente nas mãos da maioria PS/Cidadãos Por Lisboa, com quem tem um acordo de governação.

“O pelouro dos Direitos Sociais enviou todos os elementos necessários à equipa de missão de fundos europeus, sob alçada do vice-presidente João Paulo Saraiva, para a submissão, até 15 de Maio, da candidatura”, lê-se no comunicado. Segundo o mesmo, a criação do novo centro “representará um investimento total de aproximadamente 700 mil euros, sendo 75% financiado por fundos europeus.”

O actual CATR está instalado numa antiga quinta da Alameda das Linhas de Torres que o Estado vendeu à Associação de Deficientes das Forças Armadas (ADFA), que, por sua vez, cedeu à Câmara de Lisboa. Desde 2017 que está prevista a reabilitação de mais dois edifícios do complexo para a ampliação do centro, mas dificuldades financeiras da ADFA têm impedido que esta receba os imóveis e os ceda à autarquia. Entretanto, esfumou-se quase meio milhão de euros que a câmara obteve em fundos comunitários.

Esta semana, na assembleia municipal, Manuel Grilo foi acusado por várias forças políticas –incluindo os Cidadãos Por Lisboa, a que pertence João Paulo Saraiva – de inércia e de lavagem de mãos no tratamento do assunto refugiados. O debate terminou sem que o vereador se tenha pronunciado.

No comunicado emitido esta quinta, Grilo diz que a vereação bloquista “encetou, desde o início do mandato, todos os contactos necessários para a resolução do impasse que bloqueia as obras” e que “no ano passado” começou a procurar alternativas.

Fábio Sousa, presidente da junta de Carnide, diz que o novo centro está previsto para o edifício que alberga a Biblioteca Natália Correia e o Centro Cultural de Carnide. “É uma resposta integrada. Não é o típico centro de refugiados construído de raiz só para esse efeito, é um equipamento de resposta ao bairro”, diz o autarca, adiantando que o imóvel vai também ser a casa de associações locais. “Já está tudo feito, falta só a candidatura aos fundos. Temos estado a trabalhar nisto há algum tempo”, afirma Fábio Sousa. O centro poderá acolher um máximo de 26 pessoas, duplicando a actual capacidade de acolhimento de refugiados da câmara.

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