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Museus e monumentos já têm máscaras para a reabertura

Os equipamentos da Direcção-Geral do Património Cultural começaram a receber material de protecção para o regresso, marcado para segunda-feira. Alguns, como o de Évora, poderão ter uma reabertura condicionada. Regras dificultam instituições que sofrem de penúria de recursos humanos.

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daniel rocha

Já estão a chegar a alguns museus, monumentos e palácios nacionais os materiais necessários para os funcionários poderem aplicar as medidas de segurança inscritas no plano sanitário da Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC) para a reabertura, marcada para a próxima segunda-feira, Dia Internacional dos Museus. O documento com as medidas e orientações, intitulado “Património Cultural Seguro Regresso”, ficou disponível na quarta-feira no site da DGPC.

Até sexta-feira, inclusive, promete a DGPC através do seu gabinete de imprensa, todos estes serviços terão máscaras, gel desinfectante ou os acrílicos previstos pelas regras deste documento que enche 19 páginas. 

“Ainda bem que a DGPC apresentou estas medidas. Chegaram tarde mas chegaram”, comenta ao PÚBLICO Maria de Jesus Monge, presidente do braço português do Conselho Internacional de Museus (ICOM, na sigla inglesa). “Evidentemente que agora tudo terá de ser monitorizado, acompanhando a reacção do público. Isso é que vai ditar muitas das soluções que têm depois de ser continuadas no tempo. Aquilo que fica é uma preocupação grande não em relação ao dia 18 mas aos dias seguintes”, acrescenta. 

Três museus nacionais contactados pelo PÚBLICO — o de Arte Antiga, o de Arte Contemporânea do Chiado e o de Évora — já tinham recebido as máscaras, o gel e a luvas esta manhã, devendo os acrílicos, as viseiras e as marcações de distância social para colocar no chão seguir até sexta-feira, segundo informações recolhidas junto das respectivas direcções.

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Informação do Museu Nacional de Arte Antiga sobre as novas regras sanitárias, com ilustrações de André Ruivo MUSEU NACIONAL DE ARTE ANTIGA

“As medidas divulgadas pela DGPC são genéricas e aplicáveis aos museus e monumentos da DGPC, mas a Rede Portuguesa de Museus tem também a função de as fazer chegar a todos os museus que integram a rede e vão abrir portas.” Se os primeiros são 25, já os segundos ultrapassam os 150, incluindo muitas instituições municipais e privadas, como o Museu-Biblioteca da Fundação da Casa de Bragança (Vila Viçosa), dirigido pela responsável do ICOM.

Segundo a DGPC, à excepção do Museu Nacional Soares dos Reis, actualmente em obras, deverão reabrir todos os museus e monumentos dependentes deste organismo do Ministério da Cultura, que inclui alguns dos destinos turísticos mais populares do país como o Mosteiro dos Jerónimos.

Na quarta-feira, numa audição da comissão de Cultura e Comunicação no Parlamento, a secretária de Estado Ângela Ferreira já tinha esclarecido que, embora haja directivas de segurança comuns, cada espaço deverá agora adaptá-las à sua realidade. Têm de garantir, por exemplo, que cada visitante dispõe de uma área mínima de 20 metros quadrados e mantém dois metros de distância de todos os que não sejam seus acompanhantes.

Reabertura simbólica?

Os trabalhadores regressarão em equipas rotativas, mantendo-se, sempre que possível, o teletrabalho. A presidente do ICOM prevê que existam dificuldades acrescidas depois da reabertura de 18 de Maio, porque as equipas de vigilância são reduzidas, como no caso do Museu Nacional de Évora. “As dificuldades de guardaria não têm sido resolvidas. A ministra não o ignora e isso mesmo foi reafirmado na audiência parlamentar”, lembra Maria de Jesus Monge, que há duas semanas foi recebida pelo Presidente da República para discutir a situação dos museus, nomeadamente “a penúria dos recursos humanos”.

O Museu Nacional de Évora vai reabrir “simbolicamente” na segunda-feira, disse ao PÚBLICO o director António Alegria, com um curto programa que durará das 18h às 20h, sendo ainda uma incógnita como se manterá aberto quando o período de férias dos trabalhadores começar, em Julho. “Estou a tentar que não feche, mas com três pisos e três vigilantes que passarão a dois durante o período de férias manter o museu aberto vai depender muito de ter autorização para contratação de segurança externa. As novas regras prevêem que possamos controlar o número de pessoas sala a sala. Se ainda fosse um funcionário por piso...”, comenta António Alegria, acrescentando que a situação é já conhecida pela DGPC. 

Na segunda-feira, um dos novos subdirectores da DGPC, Rui Santos, estará em Évora para comemorar do Dia Internacional dos Museus e avaliar a situação. Mas a reabertura, mesmo que condicionada pelo encerramento de algumas salas, não estará em causa, adianta o gabinete de imprensa da DGPC, lembrando que a nova direcção tomou posse há poucos meses. “Vamos abrir sempre que possível, sempre que houver condições para o fazer”, concorda o director. 

O Paço Ducal de Vila Viçosa dirigido por Maria de Jesus Monge não tem ainda data de reabertura, reconhecendo a directora que também vai ser difícil em termos de recursos humanos. “O eco que tenho é que nas grandes cidades, como Lisboa e Porto, a reabertura vai ser feita, mas no interior, nas zonas mais excêntricas, provavelmente não. O que me foi dito por muitos municípios, essencialmente a norte, é que com aqueles que normalmente frequentam as actividades dos museus, como as escolas e os mais velhos, a manterem-se em casa a reabertura imediata não se justifica.”

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