Os Car Seat Headrest deixaram-se cair em tentação

Making a Door Less Open é uma surpresa de sabor amargo.

Foto
Will Toledo reinventado: o rosto tapado por uma máscara anti-gás Carlos Cruz Sol

“There’s a new taste of dread that I can’t explain” canta a voz entre guitarras e sintetizadores de uns anos 1980 requentados. Depois chega o refrão de acordes abertos, daqueles refrães que tentam demasiado ser refrão, daqueles refrães à Killers, em resumo, que nunca julgámos ouvir nestas paragens — “there’s a new taste of dread”, de facto, nesta Deadlines (hostile). Um pouco à frente, haverá aquele truque gasto da guitarra acústica, vista como refúgio último de quem quer projectar sinceridade e intimismo, às voltas com batida electrónica, sendo que a dita batida, banal e tépida, está ali apenas para assinalar estarmos perante uma criação dos tempos modernos — também haverá um solo de trompete vindo não se sabe de onde, mas, enfim, Beiruts há muitos e não é Burt Bacharach quem quer. Estamos no interior de Making a Door Less Open, o novo álbum dos Car Seat Headrest, aquele em que Will Toledo, de forma surpreendente, se reinventa enquanto híbrido EDM/revival 80s/indie poptimista.

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