Covid-19 mata mais 19 pessoas em Portugal. Casos activos caem pela primeira vez

Há mais 464 recuperados do que na segunda-feira, o valor mais alto registado em 24 horas. Desde o início do surto, é o primeiro dia em que o número de casos activos diminui: há menos 249 que no dia anterior.

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Medicina interna do Hospital Curry Cabral, em Lisboa rui gaudencio

Portugal registou até esta terça-feira 1163 mortes, mais 19 que na segunda-feira, um aumento de 1,8%. Foram identificados mais 234 casos nas últimas 24 horas, o que corresponde a uma taxa de crescimento de 0,8%. Desde o começo do surto, já foram identificados 27.913 casos. Os números foram divulgados no boletim epidemiológico da Direcção-Geral da Saúde (DGS)

Há 3013 pessoas recuperadas, mais 464 que no dia anterior, um número recorde de recuperações registadas num só dia. Assim, esta terça-feira é primeiro dia em que o número de casos activos diminuiu em Portugal. Fazendo as contas, há 23.737 pessoas ainda infectadas, menos 249 que no dia anterior. O valor diário mais alto contabilizado até esta terça-feira tinha sido a 6 de Maio, quando se contabilizaram 333 recuperações.

Os números dão conta de 709 pessoas internadas, das quais 113 estão nos cuidados intensivos (mais uma do que na segunda-feira). Há 2719 pessoas a aguardar resultado laboratorial e 27.054 estão sob vigilância das autoridades de Saúde.

Graça Freitas referiu na conferência de imprensa desta terça-feira que estes números dizem “essencialmente respeito a informação proveniente dos hospitais”.

“Sabemos que uma grande maioria das pessoas permaneceu no seu domicílio. Estamos a desenvolver metodologias para que os médicos de medicina geral e familiar que acompanharam doentes em residência registem numa plataforma credível a recuperação” dos doentes, acrescentou a directora-geral da Saúde. Uma pessoa é considerada “curada” depois de um teste negativo (se estiver a ser tratada em casa) ou dois (se estiver internada num hospital).

Nas mortes, 1011 das 1163 vítimas estão acima dos 70 anos, cerca de 87%. O relatório dá conta da morte de 101 pessoas que tinham entre 60 e 69 anos; 38 com idades entre os 50 e 59 anos; 12 pessoas entre os 40 e os 49 anos (seis mulheres e seis homens); e uma vítima mortal entre os 20 e os 29 anos.

A taxa de letalidade global é de 4,2%, anunciou na conferência de imprensa o secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales. Acima dos 70 anos, sobe para os 15,3%. Em tratamento no domicílio estão 82,5% dos casos e 2,5% estão em internamento hospitalar, dos quais 0,4% em unidades de cuidados intensivos e 2,1% em enfermaria, acrescentou o secretário de Estado da Saúde.

A região Norte continua a ser a que concentra o maior número de casos, com 16.053 pessoas infectadas e 660 óbitos – 57,5% da totalidade dos casos e 56,7% das mortes. A segunda região mais afectada é a de Lisboa e Vale do Tejo, com 7494 casos confirmados e 254 vítimas mortais. A região Centro tem 3553 casos registados e 219 mortes, seguida da região do Algarve, com 350 infectados e 14 óbitos. O Alentejo assinala até esta terça-feira 238 casos e uma morte. Os Açores e a Madeira são as regiões com menor número de casos, com 135 e 90, respectivamente. A Madeira é a única região sem mortes registadas, sendo que os Açores têm registo de 15 mortes.

Lisboa mantém-se o concelho com maior número de casos (1791), seguido de Vila Nova de Gaia (1458) e do Porto (1304). Há outros três concelhos com mais de mil casos identificados: Matosinhos (1216), Braga (1153) e Gondomar (1050).

Os infectados por concelho podem ser mais do que os registados no boletim, uma vez que os dados são os do SINAVE – Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica, que correspondem a 88% dos casos confirmados.

Na segunda-feira, Portugal tinha registado um total de 1144 mortes e 27.679 casos de infecção.

Profissionais de saúde podem voltar a gozar férias

Para António Lacerda Sales, é preciso “devolver alguma normalidade à vida dos profissionais de saúde”. Por isso, o Ministério da Saúde decidiu revogar o despacho de 15 de Março que “restringia o gozo de férias dos profissionais de saúde, de forma a que não fosse posta em causa a prestação de cuidados de saúde durante a pandemia”.

Assim, “está novamente autorizado o gozo de férias pelos profissionais de saúde”, anunciou o secretário de Estado da Saúde.

No início da conferência de imprensa, o secretário de Estado da Saúde aproveitou também para deixar uma mensagem no âmbito do Dia Mundial do Enfermeiro.

“Quero saudar todos os enfermeiros portugueses e a Ordem dos Enfermeiros pelo elevado contributo dado ao nosso país. Os enfermeiros são uma das maiores forças do trabalho do Serviço Nacional de Saúde (SNS)”, referiu António Lacerda Sales. O secretário de Estado da Saúde acrescentou que actualmente há mais de 42 mil enfermeiros no SNS, dos quais “cerca de 800 contratados no âmbito desta pandemia”. “Estes profissionais têm sido cruciais no combate à pandemia mas também na actividade além da covid-19”, considerou.

O secretário de Estado da Saúde informou ainda que há 3148 profissionais de saúde infectados com covid-19, dos quais “cerca de 468 são médicos”, 834 enfermeiros, 760 assistentes operacionais e 150 assistentes técnicos. António Lacerda Sales salientou que estes dados dizem respeito a domingo, uma vez que não tinha disponíveis dados mais recentes.

Eventual quarentena para emigrantes não está definida

Questionado sobre uma eventual quarentena para emigrantes que venham a Portugal, o secretário de Estado da Saúde referiu que ainda não há decisões tomadas.

“Estamos a articular com os diferentes países e com as diferentes proveniências. Por exemplo, em relação a Espanha, estamos em permanente contacto com o governo espanhol para podermos articular quaisquer medidas ou decisões que possam vir a ser tomadas”, afirmou António Lacerda Sales.

“Igualmente o faremos com outros países de proveniência. São ainda situações que não estão completamente definidas, mas garantidamente irão ao encontro daquilo que todos queremos, que é ter os nossos emigrantes connosco mas com segurança”, acrescentou o secretário de Estado da Saúde.

É preciso “pedagogia” para cumprir medidas nos lares

Sobre as orientações para as visitas aos lares de idosos, a directora-geral da Saúde, Graça Freitas, começou por garantir que “cada norma é muito negociada com os parceiros”. “As regras são sempre feitas e aplicadas em parceria”, afirmou. 

“É preciso preparar os profissionais dos lares para esta retoma das visitas, mas também dialogar com as famílias, com as pessoas que vão visitar os parentes. É preciso ser feita uma pedagogia para que se cumpram medidas de prevenção e controlo de infecção. Estas medidas aprendem-se”, referiu Graça Freitas.

Ainda sobre os lares, o secretário de Estado da Saúde, António Lacerda Sales, defendeu que “é muito importante para a saúde mental dos idosos poderem ver novamente os seus familiares”. “É evidente que percebemos que muitas destas estruturas se estão a adaptar a estas orientações. Isso faz parte do processo”, considerou.

Relativamente aos rastreios, Graça Freitas explicou que, neste momento, “a prioridade é trabalhar nos rastreios da comunidade educativa que vai participar no retorno da actividade das creches”.

“Em simultâneo, estamos a terminar o apoio aos rastreios nos lares e também em ambiente prisional. Outras situações serão equacionadas”, acrescentou a directora-geral da Saúde.

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