Coronavírus vai “desaparecer sem uma vacina”, garante Donald Trump
Presidente norte-americano aumentou estimativa de mortes para o país, acreditando que poderá ser ultrapassada a marca das 95 mil vítimas mortais.
O Presidente norte-americano, Donald Trump, acredita que o novo coronavírus “vai desaparecer sem [a necessidade] de uma vacina”. Estas declarações, que vão contra o actual consenso científico, foram proferidas esta sexta-feira, depois de uma semana em que o desemprego no país triplicou, em Abril, para 14,7%.
“Sinto sobre as vacinas o mesmo do que com os testes. Isto [o vírus] vai desaparecer sem uma vacina. Vai desaparecer e não o veremos novamente, esperemos, depois de algum tempo. Vamos ter alguns surtos, espero isso no Outono, mas talvez não aconteça. De acordo com o que muita gente diz teremos, mas vamos eliminá-los. Talvez tenhamos surtos no próximo ano, mas vai desaparecer. Alguns vírus e gripes apareceram e nunca encontraram a vacina e desapareceram, nunca mais apareceram. Morrem também, como tudo o resto”, afirmou o Presidente norte-americano.
Uma opinião que contraria as declarações do membro da taskforce de covid-19 da Casa Branca, o imunologista Anthony Fauci que, em entrevista à Fox News há algumas semanas, garantiu que as medidas de mitigação não iriam ser invertidas por completo “até existir uma vacina”. “Não vai terminar até ao ponto em que somos capazes de não fazer qualquer mitigação até termos uma vacina cientificamente comprovada, segura e eficaz”, explicou Fauci, citado pelo The Washington Post.
Donald Trump estima que o país atinja 95 mil — ou mais — mortes relacionadas com a pandemia, num momento em que o país vive um momento delicado, com mais de 33,5 milhões de novos desempregados desde 21 de Março.
O país é o mais afectado pelo novo coronavírus e Trump voltou a aumentar uma estimativa que, há cerca de um mês, previa entre 60 a 65 mil vítimas mortais. De acordo com os dados da Universidade Johns Hopkins, os Estados Unidos aproximam-se dos 1,3 milhões de infectados (1.291.100), tendo já ultrapassado as 77 mil mortes (77.498).
Estas declarações surgem horas depois de o Departamento de Estado dos EUA ter acusado a China e a Rússia de terem cooperado na transmissão de notícias falsas e desinformação sobre a pandemia.
A origem do vírus é que parece ainda não reunir consenso, depois de Mike Pompeo, secretário de Estado, ter recuado na ideia de que a pandemia teve origem num laboratório em Wuhan, poucos dias após ter garantido possuir “provas enormes” que apontavam para esse facto.
“Vimos provas de que o vírus veio do laboratório. Poderá não ser esse o caso”, afirmou numa entrevista de rádio, depois de uma outra intervenção, numa outra rádio, em que admitiu que o vírus poderia nem ter surgido especificamente no interior do edifício: “Há provas de que veio de algum local nas redondezas do laboratório, mas isso poderá estar errado.”
A mesma narrativa foi também adoptada por Donald Trump, que acusou o Governo chinês de incompetência a lidar com o vírus e deixou implícito que Pequim poderá não ter controlado o surto de forma propositada.