Provas de que vírus saiu de laboratório em Wuhan podem, afinal, não ser verdadeiras, admite Mike Pompeo
Secretário de Estado norte-americano diz que provas podem não ser fidedignas. Trump também já tinha dito existirem “fortes indícios”, acusando o Governo chinês de incompetência.
O secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, recuou nas acusações feitas ao Governo chinês e às responsabilidades do mesmo na origem do vírus. No passado domingo, dia 3 de Maio, Mike Pompeo garantiu aos jornalistas existirem “provas enormes” de que o novo coronavírus tinha saído de um laboratório em Wuhan, cidade na província de Hubei onde se deu o primeiro caso do surto. Agora, o secretário de Estado diz que isso pode não corresponder inteiramente à verdade.
“Vimos provas de que o vírus veio do laboratório. Poderá não ser esse o caso”, afirmou numa entrevista de rádio, depois de uma outra intervenção, numa outra rádio, em que admitiu que o vírus poderia nem ter surgido especificamente no interior do edifício: “Há provas de que veio de algum local nas redondezas do laboratório, mas isso poderá estar errado.”
A ideia de que o novo coronavírus tinha escapado de um laboratório em Wuhan foi inicialmente avançada por Donald Trump, que garantiu possuir “fortes indícios” desse facto. Na mesma conferência de imprensa acusou ainda o Governo chinês de incompetência. “Acho que [o vírus] poderia ter sido contido com relativa facilidade. Penso que eles [Governo chinês] não conseguiram ou não o quiseram fazer. A China é um país sofisticado”, afirmou o Presidente norte-americano no final de Abril.
Tanto Trump como Pompeo contrariaram as indicações da Comunidade de Inteligência dos Estados Unidos, um grupo de 17 agências governamentais que conduzem operações consideradas vitais para a segurança nacional do país. Depois de investigar a origem do SARS-CoV-2, esta organização adiantou que as primeiras conclusões aprontavam que o novo coronavírus não foi criado por humanos ou geneticamente modificado.
Também as investigações de outras nações parecem apontar na direcção aposta à adoptada pelo Presidente. Há exactamente uma semana, o primeiro-ministro australiano disse que não existem provas “que permitam indicar a fonte” do surto.
Os Estados Unidos são o país mais afectado pelo surto de covid-19 em todo o mundo, liderando o número de infecções e de mortes. Desde o início da pandemia, o país registou mais de 1,2 milhões de infectados e 76.101 óbitos.