Aterro de Valongo sem resíduos importados desde o início de Maio

Os resíduos importados ali depositados, durante este ano, resultaram de autorizações concedidas em 2019, que agora se extinguiram.

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Adriano Miranda

O aterro da Recivalongo, no concelho de Valongo, distrito do Porto, deixou de receber resíduos provenientes de outros países no início de Maio, informou nesta sexta-feira o Ministério do Ambiente e da Acção Climática.

Como consequência directa de um despacho da secretária de Estado do Ambiente de 03 de Janeiro, que instituiu o princípio da objecção sistemática à importação de resíduos destinados a eliminação em aterro, foi ainda recusada a entrada, este ano, para eliminação no aterro gerido pela Recivalongo, de 25 mil toneladas de resíduos provenientes de outros países, indicou, em comunicado, o gabinete do ministro João Pedro Matos Fernandes.

“Note-se que os resíduos importados ali depositados, durante este ano, resultaram de autorizações concedidas em 2019, que agora se extinguiram”, salvaguarda.

A Recivalongo, detentora desde 2007 do aterro para resíduos industriais da freguesia de Sobrado, em Valongo, começou a ser acusada em 2019 de “crime ambiental” pela população e pela Câmara Municipal após ter sido detectado que a empresa detinha “mais de 420 licenças para tratar todo o tipo de resíduos”.

A Associação Jornada Principal, dinamizadora dos protestos, alertou mesmo, em fins de Março, para o risco de o aterro de Valongo estar a receber resíduos importados em período de pandemia, o que o ministério rejeitou.

“Os resíduos importados dizem respeito a resíduos objecto de armazenamento e estabilização, não estando relacionados com resíduos urbanos recolhidos em período de pandemia”, respondeu então o Ministério do Ambiente e da Acção Climática.

Já no seu comunicado, o gabinete do ministro Matos Fernandes sublinha que o despacho de 03 de Janeiro já impediu a entrada nos aterros de todo o país, até à última terça-feira, de um total de 191 mil toneladas de resíduos de outros países.

Os resíduos que deixaram de entrar em Portugal em consequência das orientações definidas pelo despacho equivalem a 83% dos resíduos entrados para eliminação em todo o ano de 2019.

O ministério adianta, entretanto, que no âmbito do Plano de Acção de Aterros 2020, estão previstas 76 acções de fiscalização e inspecção aos aterros de resíduos de Portugal Continental, englobando o universo de resíduos não perigosos, perigosos e inertes.

O gabinete ainda que está a proceder à revisão do Regime Geral da Gestão de Resíduos e do diploma que regula a deposição em aterro, instrumentos essenciais “para uma melhor regulação e acompanhamento das actividades dos aterros”.