Novo álbum de Bob Dylan, Rough and Rowdy Ways, anunciado para Junho
A revelação chegou com o lançamento de um novo single, False prophet. Será o primeiro álbum de originais de Bob Dylan desde Tempest, editado em 2012.
Primeiro chegou Murder most foul, tema de duração épica (17 minutos) com o assassinato de John F. Kennedy como assombração chegando até ao presente. Depois, foi a vez de I contain multitudes, com a expressão de Walt Whitman a dar o mote para algo assemelhado a panorâmica sobre o século XX visto pelos olhos de Dylan (“I’m just like Anne Frank/ Like Indiana Jones/ and them British bad boys the Rolling Stones”). Agora, no mesmo momento em que é lançada nova canção, False prophet, chega a revelação: dia 19 de Junho Bob Dylan editará Rough and Rowdy Ways, o seu primeiro álbum de originais em oito anos.
Nos últimos anos Bob Dylan dedicou-se a recuperar o cancioneiro clássico americano, principalmente o interpretado por Frank Sinatra, nos álbums Shadows in the Night (2015), Fallen Angels (2016) e Triplicate (2017). Paralelamente, reescreveu o ano passado um pedaço da sua história, a da digressão Rolling Thunder Revue de 1975, através do falso documentário Rolling Thunder Revue: A Bob Dylan Story by Martin Scorsese. Agora, enquanto se vê obrigado a pôr em pausa a digressão interminável que o mantém em palco desde o final dos anos 1980 (chamam-lhe, apropriadamente a “Never Ending Tour” e passou por Lisboa e Porto depois da distinção de Dylan com o Nobel da Literatura), chegou o momento de regressar ao material original.
Moldado enquanto blues eléctrico na linha de Muddy Waters e Willie Dixon, False prophet acolhe versos como “I ain’t no false prophet/ I just know what I know” e “I’m first among equals/ second to none”, enquanto a voz de Dylan lança galanteios como cavalheiro, cobre de ouro pobres papalvos enquanto lhes promete entrada na cidade de Deus, cita de passagem Martin Luther King e despede-se com tirada tipicamente Dylanesca: “I can’t remember when I was born/ and I forgot when I died”.
Se as duas canções anteriormente editadas e esta agora revelada representarem de forma adequada aquilo que vamos ouvir em Rough and Rowdy Ways, parece certo que, depois de uma década a recriar e a reconstruir o passado, Dylan julgou ser altura de o utilizar para comentar de forma incisiva o nosso tempo.