EUA
Dominick vive no carro e passa o dia a distribuir refeições e sorrisos aos sem-abrigo
Dominick SeJohn Walton avista um homem com um carrinho de compras cheio de pertences e uma placa a dizer "Sem-abrigo. Por favor ajude" debaixo de um viaduto no Texas. Com o novo coronavírus a manter o mundo dentro de casa, a estrada está mais calma do que o habitual. Ela entrega-lhe um saco de plástico com uma sandes de queijo e mortadela, bolachas e sumo de maçã. Do lado de fora, escreveu a azul: "Deus te abençoe. Jesus ama-te. Eu amo-te!"
Dominick sabe o que é ser sem-abrigo e ter fome. Actualmente, vive principalmente no seu carro, dormindo às vezes no apartamento da sua irmã, em Houston. "Comecei a servir refeições aos sem-abrigo porque sei o que é não saber de onde virá a próxima refeição e isso é o mínimo que sinto que podemos fazer pela nossa comunidade, retribuir", diz a jovem de 27 anos.
O carro de Dominick tornou-se a sua casa, depois de entrar em depressão após uma cirurgia para uma gravidez ectópica. Deixou o emprego como caixa numa bomba de gasolina e está agora a viver no seu Chevrolet Malibu 2010 e a tentar poupar dinheiro para começar um negócio de t-shirts com os seus próprios desenhos. Foi recentemente contratada por uma organização sem fins lucrativos, que distribui refeições a famílias de baixos rendimentos.
Em muitas cidades dos EUA, os sem-abrigo passam a noite em comboios vazios, a acampar em lojas fechadas e debaixo de auto-estradas desertas. Muitos temem pernoitar em albergues para sem-abrigo, onde o novo coronavírus se pode espalhar rapidamente.
Ao conduzir pela cidade, Dominick vê um homem sentado no chão. "Olá, senhor", diz, com o seu grande sorriso escondido pela máscara cirúrgica. Ele não responde, talvez esteja a dormir, por isso ela toca-lhe, com as luvas, no cotovelo, para lhe dar alguma comida.
Dominick prepara estas merendas no apartamento da irmã, enquanto as sobrinhas de um e quatro anos brincam, com produtos que comprou ou que sobraram do trabalho. Quando dá o dia por terminado, estaciona o carro perto de um centro comercial, de um parque ou apenas de um bairro sossegado, encostando o telemóvel à janela, enquanto se estica no banco da frente. E sonha: um negócio de t-shirts com tanto sucesso que ela possa dar ainda mais comida.