Máscaras ou viseiras? Especialistas dizem que as máscaras devem ser a opção

A partir desta segunda-feira passa a ser obrigatório o uso de máscaras ou viseiras em transportes públicos e espaços comerciais. Especialistas consideram que a máscara é a melhor protecção e que as viseiras podem ser um equipamento complementar.

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ADRIANO MIRANDA

A partir de agora, se quiser a ir a uma loja, supermercado ou andar de transporte público tem de usar uma máscara ou uma viseira. É isso que está escrito no decreto-lei 20/2020, no qual o Governo definiu as regras para esta nova fase de algum desconfinamento. Vários especialistas ouvidos pelo PÚBLICO consideram que a máscara deve ser a opção porque também protege os outros e encaram a viseira como um método complementar, se alguém o quiser usar.

Os dois equipamentos oferecem protecção, mas em graus diferentes. As máscaras protegem o nariz e a boca, a viseira protege os olhos e se for cilíndrica, acompanhando a cara, e até ao pescoço, dá também protecção ao servir de barreira a gotículas que sejam projectadas. Contudo, é aberta em baixo, o que permite que as mesmas caiam ou que, quando o ar é inspirado, aerossóis circulem. Se de máscaras muito se tem falado, criando-se até uma tipologia com regras e certificação – as chamadas máscaras comunitárias –, em relação a viseiras não houve tantas indicações.

“Atendendo a que o vírus se transmite essencialmente por via respiratória, a máscara é efectivamente o equipamento de protecção mais adequado”, diz Carlos Palos, coordenador da comissão de Controlo de Infecções e Resistência aos Antimicrobianos da Luz Saúde. “Permite uma protecção bidireccional, porque protege os outros e o próprio.” A viseira, refere, pode ser um “complemento adicional porque protege essencialmente os olhos”, de gotículas “que venham de frente”, mas “não protege de aerossóis que possam vir de baixo ou dos lados”.

O ponto de partida, salienta o especialista, é proteger. “É mais correcto a máscara do que a viseira, mas esta é uma alternativa razoável”, diz o médico, lembrando que “vamos entrar num mundo novo”. “Os transportes são críticos”, diz, mas também deixa um alerta para que as pessoas “não se esqueçam dos cuidados a ter nos momentos de socialização como as refeições, como não se sentarem uns frente aos outros e ter lugares alternados”. E devem também ter um saco onde guardar a máscara quando tiram.

Também o pneumologista Filipe Froes considera que “o nível de protecção das máscaras e viseiras não é comparável”. “A prioridade deve ser o uso de máscara, porque tem maior impacto na redução de transmissão de gotículas. A viseira não cobre a boca e há passagem de ar eventualmente contaminado por baixo da viseira. A máscara cobre a totalidade da boca e do nariz e é mais efectiva na redução da transmissão”, explica.

Para o médico, “o uso exclusivo de viseira é uma solução menos eficaz e não é equiparável à máscara”. E explica porquê: “A viseira é mais para protecção pessoal e a máscara combina alguma protecção pessoal com a dos outros. A viseira protege os olhos, de levar as mãos à cara. A máscara serve para filtrar as secreções emitidas pelas pessoas. A optar, deve ser escolhida a máscara. A viseira deve ser complementar.”

“Não sei de onde surgiu a ideia das viseiras, mas no contexto comunitário o que faz sentido são as máscaras. Se alguém quiser adicionalmente usar a viseira, nada contra”, afirma Ricardo Mexia, presidente da Associação dos Médicos de Saúde Pública. “Não são dispositivos alternativos. Não faz sentido usar viseira sem máscara, porque a protecção que uma confere não tem a ver com a que a outra confere. O que a máscara protege, a viseira completa.”

O especialista salienta que não é contra as viseiras, mas considera que “não é correcto propor viseiras em alternativa às mascaras”. “A viseira é aberta por baixo e para o próprio pode haver protecção”, diz, referindo que a máscara tem a função de proteger os outros.

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