Indústria portuguesa regista maior quebra desde 2012

O mês de Março, o primeiro em que o efeito das medidas de confinamento se fizeram sentir, foi de quebra acentuada da produção na indústria portuguesa, principalmente no que diz respeito aos bens duradouros.

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LUSA/MARIO CRUZ

Com muitas fábricas paradas e com a procura interna e externa a caírem a pique, a produção industrial em Portugal diminui durante o passado mês de Março da forma mais acentuada desde Abril de 2012, quando o país se encontrava no auge da última crise económica.

De acordo com os dados publicados esta quinta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística, o índice de produção industrial registou em Março uma variação homóloga de -7,2%, uma diminuição da actividade do sector industrial que interrompe a série de resultados positivos que se tinham registado nos quatro meses anteriores.

A quebra de 7,2% na produção industrial é a maior desde Abril de 2012, mês em que a variação homóloga deste índice superou os 10%. No entanto, existem motivos para pensar que mesmo esse máximo histórico possa vir a ser ultrapassado nos próximos meses.

Os resultados agora conhecidos dizem respeito a um mês que apenas foi afectado parcialmente pelas medidas de confinamento. Foi a partir da segunda metade de Março que o sector industrial português se deparou verdadeiramente com as dificuldades trazidas pelo impedimento de alguns trabalhadores se deslocarem para o seu local de trabalho e pela quebra da procura decorrente do fecho de lojas e da diminuição das exportações.

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Todos estes problemas deverão ter-se acentuado em Abril, pelo que uma nova deterioração da variação do índice de produção industrial pode ser considerada provável.

Os dados do INE mostram que apenas na área da produção de energia não se registou uma quebra de actividade, mantendo-se o ritmo de crescimento elevado que se tinha verificado nos dois primeiros meses do ano. Já nas indústrias extractivas, a quebra registada foi de 9,4%, enquanto nas indústrias transformadoras a diminuição chegou aos 10,5%.

O INE revela também que a diminuição da produção ocorreu de forma mais forte no caso dos bens duradouros, aqueles que estão a ser sujeitos a uma maior diminuição da procura. A produção de bens duradouros diminuiu 26,9%, enquanto nos bens não duradouros (que incluem, por exemplo, os bens alimentares) a descida foi menor, mas ainda assim de 5,9%.

São vários os casos em que as empresas portuguesas do sector industrial anunciaram a suspensão da actividade, algumas delas, como a Autoeuropa, com um peso muito significativo na economia portuguesa. E muitas recorreram ao layoff para reduzirem os seus custos com pessoal. Em Abril, esta tendência pode ter-se acentuado e, apesar de já se estar agora a preparar o regresso à actividade, existem dúvidas em relação ao que irá acontecer ao nível da procura.

A quebra na produção industrial logo a partir de Março reforça a expectativa de que Portugal tenha registado, já no primeiro trimestre do ano, uma variação negativa do PIB. O INE ainda não divulgou dados para o PIB português, mas ficou a saber-se esta quinta-feira que na zona euro, a economia contraiu-se 3,8% no primeiro trimestre deste ano. Em Espanha, a diminuição do PIB foi de 5,2% e em França de 5,8%.

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