Marcelo discute reabertura da economia com Costa
Presidente da República discute com o primeiro-ministro as medidas de relançamento da vida económica e social antes das decisões desta quinta-feira em Conselho de Ministros. Mas o chefe de Estado não se deve pronunciar sobre o assunto nos próximos dias.
Depois da maratona de audiências com os patrões, sindicatos e partidos, o primeiro-ministro ligou-se, por videoconferência ao Palácio de Belém, para a reunião semanal com o Presidente da República, desta vez antecipada um dia. O jantar com o chefe de Estado foi cancelado devido ao adiantado da hora. Marcelo Rebelo de Sousa quis conhecer e dar a sua opinião sobre as decisões que o Governo se prepara para tomar no Conselho de Ministros desta quinta-feira, no qual será fechado o plano de relançamento da vida económica e social.
Apesar de ter decidido não avançar para outra renovação do estado de emergência, o Presidente vai continuar a acompanhar de perto a forma como o Governo prepara a reactivação faseada da economia. Mas de uma forma discreta, sem se associar a esse plano. Marcelo não tem agenda pública prevista até à próxima segunda-feira, não sendo expectável que se pronuncie sobre o modelo de reabertura do Governo.
O país político ouviu os epidemiologistas alertarem para o aumento dos casos de covid-19 à medida que se vão levantando restrições ao confinamento. E defenderem, por exemplo, que é mais seguro reabrir as creches do que as aulas presenciais do 11.º e 12.º ano. Marcelo e Costa sabem do risco de um segundo pico da doença. Mas, ao fim de 45 dias, a factura económica da “quarentena” já pesa mais na balança do Governo.
Por outro lado, como constitucionalista, o Presidente vai poder analisar as medidas que podem extravasar o estado de calamidade pública anunciado pelo Governo, tendo em conta a argumentação de outros especialistas em Direito Constitucional que defendem que o estado de calamidade não permite suspender direitos fundamentais, como as restrições à liberdade de circulação já anunciadas para o próximo domingo, Dia da Mãe.
A partir de segunda-feira, o Presidente retoma as audiências a agentes económicos e sociais, com os CEO de órgãos de comunicação social e depois prossegue essa auscultação a representantes de instituições sociais e da educação. Confinado ao Palácio de Belém, dá razão à velha máxima de que, se Maomé não pode ir à montanha, a montanha vai a Maomé. Sem poder ir ao mundo, leva o mundo a Belém.
Notícia alterada: O primeiro-ministro não jantou em Belém com o Presidente da República.