Covid-19 poupa concelho no coração do distrito de Lisboa
Sobral de Monte Agraço é o único concelho do distrito de Lisboa e da região oeste sem casos confirmados de covid-19.
Sobral de Monte Agraço é o único concelho do distrito de Lisboa e da região oeste que se mantém sem qualquer caso confirmado de infecção com a covid-19. Um “feito” que, provavelmente, também não terá paralelo na região de Lisboa e Vale do Tejo e que é, certamente, raro no plano nacional, quando Portugal já se debate com a pandemia há mais de mês e meio. A covid-19 parece, inclusivamente, estar a “poupar” esta zona do coração do distrito de Lisboa, porque o vizinho concelho de Arruda dos Vinhos regista, até ao momento, apenas quatro casos de infecção.
Estes números muito baixos contrastam com a evolução da pandemia em quase toda a região de Lisboa e Vale do Tejo, que já soma perto de 5 mil casos. Para os autarcas locais, o povoamento disperso, a forma precoce como foram tomadas várias medidas e o comportamento da população ajudam a explicar o facto de a pandemia parecer estar a “poupar” esta zona central do distrito de Lisboa.
“Estamos a falar de uma realidade que, infelizmente, provavelmente irá tocar a todos. O facto de Sobral ser um concelho só com 11 mil habitantes e com uma população algo dispersa pelos seus 52 quilómetros quadrados pode ser elemento de ajuda para que ainda não existam casos de infectados conhecidos, assim como também considero importante o facto de termos sido o primeiro município do Oeste a encerrar todos os serviços municipais e a tomar um conjunto significativo de medidas logo no dia 11 de Março”, sublinha José Alberto Quintino, presidente da Câmara de Sobral de Monte Agraço, em declarações ao PÚBLICO, vincando que o Plano Municipal de Emergência e Protecção Civil foi activado a 16 de Março, quando o país ainda não estava em estado de emergência e sem qualquer caso confirmado da doença no concelho.
O autarca da CDU acrescenta que a autarquia de Sobral de Monte Agraço tem procurado também tomar várias medidas de protecção, criando, por exemplo, uma linha de apoio social, através da qual as populações mais isoladas, mais vulneráveis ou com mais problemas de mobilidade podem solicitar aos serviços camarários a entrega de refeições, de compras de supermercado e de farmácia e outro tipo de apoios ao nível da saúde, das questões socioeconómicas às da psicologia. “Temos tentado minimizar o impacto com todo um conjunto de medidas de apoio à população e com especial destaque para os mais idosos, que são grupos de maior risco, salientando a aquisição de material de protecção para entrega às várias instituições sociais e outras, desinfecção constante por todo o concelho, campanhas de sensibilização nas redes sociais e com som de rua, apelando a que sejam cumpridas todas as regras recomendadas pela Direcção-Geral de Saúde”, observa o autarca de Sobral de Monte Agraço, onde foram aprovadas, no dia 8, “um conjunto de medidas de apoio à população”.
No plano da economia, o impacto da pandemia também já é visível em Sobral de Monte Agraço, sobretudo no comércio obrigado ao encerramento. “As medidas já aprovadas na câmara e no contexto do Oeste contemplam um forte apoio à economia local”, garante.
No mesmo dia 8 de Abril, a vizinha Câmara de Arruda dos Vinhos aprovou um pacote de 43 medidas de apoio às famílias, às entidades e às empresas locais. “Tendo em conta a magnitude de toda esta crise, em que são previsíveis quedas acentuadas no PIB nacional e global, será errado considerar que os municípios sozinhos conseguirão resolver todos os problemas que surgirem, assim como é errado se acharmos que é o Governo que conseguirá resolver todos os problemas que surgirem. Acho que nesta crise estamos todos no mesmo barco e temos todos de ter muita força para remar no mesmo sentido”, constata o presidente da Câmara de Arruda dos Vinhos, André Rijo, em declarações ao PÚBLICO. Entre as 43 medidas de mitigação da pandemia está a criação do Fundo de Emergência Social para apoiar as famílias mais afectadas com quebras de rendimento por causa da pandemia para fazer face a despesas essenciais ao nível da habitação, alimentação, água e electricidade.