Em 2018, quando tornou oficial que sofria de um tumor neuroendócrinoo, actor Irrfan Khan admitia, citado pelo Times of India, “confio e entrego-me”. Ainda filmou Angrezi Medium, de Homi Adajania, mas foi vencido pela doença e esta segunda-feira havia dado entrada nos cuidados intensivos do hospital Kokilaben, em Bombaim.

A confirmação da sua morte chegou nas palavras do seu agente, que durante a madrugada desta quarta-feira emitiu um breve comunicado: “É triste que este dia tenha chegado e que tenhamos de vos dizer que [Irrfan] morreu. Era um bom homem, que lutou até ao fim e foi sempre inspirador para todos os que o rodeavam. Partiu agora, rodeado pela família e deixando-nos um legado”. O actor tinha 53 anos.

Apesar dos seus 30 anos de carreira no cinema, que passaram por filmes oscarizados como A vida de Pi, de Ang Lee (Óscar de Melhor Realizador em 2012), Quem Quer ser Bilionário?, de Danny Boyle (que acabaria por arrecadar oito Óscares em 2009), ou Mundo Jurássico, realizado por Colin Trevorrow, Khan assumia em 2013 ao diário britânico The Guardian que viera parar à “indústria porque queria contar histórias e fazer cinema”, mas que acabara “por ficar agarrado à televisão”. Estreou-se na indústria cinematográfica com um pequeno papel no multipremiado filme escrito e realizado por Mira Nair, Salaam Bombay (1988); antes fez sobretudo séries para televisão de consumo interno, na maioria das vezes assumindo papéis de vilão. Segundo a Hollywood Reporter, o seu maior sucesso de bilheteira na Índia, conseguiu-o com Hindi Medium, filme de 2017 realizado por Saket Chaudhary. 

A atenção da indústria ocidental chegou em 2001, quando Khan filmou The Warrior com o realizador britânico Asif Kapadia (um dos produtores de Ronaldo, documentário biográfico sobre o futebolista Cristiano Ronaldo). O filme, rodado no seu Rajastão natal (nasceu em Jaipur em 1966), arrebatou um prémio BAFTA, da academia britânica, para o melhor filme britânico de 2003. Seguiram-se convites para The Darjeeling Limited, de Wes Anderson, Um Coração Poderoso, de Michael Winterbottom, e A Lancheira, de Ritesh Batra. 

Angrezi Medium, que filmou já depois de saber da doença e após um tratamento prolongado num hospital de Londres, foi o último a ser exibido nas salas de cinema na Índia antes do seu encerramento no contexto da pandemia do novo coronavírus. 

Notícia corrigida às 14h44