Liga francesa não será retomada e o título deverá ser atribuído ao PSG
Governo francês interditou até Agosto a prática de desportos colectivos. Presidente da federação de futebol defende a “aplicação dos regulamentos”, o que pressupõe que a prova não será anulada, como aconteceu nos Países Baixos.
O primeiro-ministro francês, Edouard Philippe, anunciou nesta terça-feira na Assembleia Nacional, em Paris, o cronograma para os próximos meses no combate à pandemia da covid-19 em França e, entre as medidas delineadas, está o anúncio de que após o final do confinamento no país, que deverá acontecer a 11 de Maio, continuará a ser interdita a prática de desportos colectivos. Desta forma, segundo Philippe, “a época 2019-20 dos desportos profissionais, incluindo o futebol, não pode ser retomada”. Para além da Ligue 1, a decisão do Governo francês atinge igualmente o Top 14, o mais mediático campeonato europeu de râguebi, deixando dúvidas sobre a viabilidade do Tour 2020: o início da Volta à França em bicicleta foi remarcado para 29 de Agosto.
O plano da liga de futebol profissional francesa (LFP) apontava para o regresso dos dois principais campeonatos, ainda que com jogos à porta fechada, a 17 de Junho, mas o anúncio de Edouard Philippe deitou por terra qualquer hipótese de em França se cumprirem as directrizes da UEFA, que pretende o término dos campeonatos europeus até 3 de Agosto, possibilitando que nas semanas seguintes sejam disputadas as eliminatórias que faltam completar nas provas da UEFA.
Na Assembleia Nacional, perante cerca de 75 deputados e vários ministros do Governo, o primeiro-ministro francês traçou o plano pós-confinamento, deixando claro que a estratégia delineada apenas contempla a autorização da prática de desportos individuais, ficando interditos “desportos em locais cobertos”, assim como “desportos colectivos ou de contacto”.
No ponto de mira das medidas anunciadas por Edouard Philippe estão, principalmente, o futebol, o râguebi e o basquetebol, as três principais modalidades colectivas que mantinham em aberto a possibilidade de retomarem as provas da época 2019-20 – as federações de andebol e voleibol já tinham anunciado o término das suas competições.
Perante esta medida governamental, a LFP agendou para a noite de terça-feira uma reunião de emergência, mas Noël Le Graët, presidente da Federação Francesa de Futebol, confirmou que a Ligue 1 e a Ligue 2 “foram definitivamente interrompidas”. Segundo o presidente da FFF, era “impossível” para a UEFA considerar jogar o final da temporada no Outono.
Le Graët acrescentou que será necessário consultar os regulamentos para ditar subidas e descidas. “Sou a favor da aplicação dos regulamentos. Portanto, deve haver duas descidas na Ligue 1.” Se se confirmar o desejo de Le Graët, a França não seguirá o exemplo dos Países Baixos, que na passada sexta-feira anularam a época 2019-20, sem atribuir o título de campeão ou decretar subidas e descidas. Num cenário de interrupção e não de cancelamento, o título de campeão deverá ser atribuído ao Paris Saint-Germain, que liderava a Ligue 1 à 27.ª jornada.
Mais simples parece ser o puzzle que a LFP terá que completar para definir as equipas francesas que vão participar nas provas europeias de 2020-21, uma vez que a UEFA informou na semana passada que o “mérito desportivo” deverá ser o critério a ser seguido, caso exista uma “ordem oficial a proibir eventos desportivos”. Para Le Graët, “será o último dia [27.ª jornada da Ligue 1] que contará para definir as equipas europeias, a menos que a Taça de França, que tem prioridade, possa ser disputada, e se o Saint-Etienne a vencer”. Assim, PSG, Marselha e Rennes deverão ser os representantes franceses na próxima edição da Liga dos Campeões, enquanto Lille, Reims e Nice vão jogar na Liga Europa.
O anúncio do Governo francês coloca ainda em causa a presença de PSG e Lyon na actual edição da Liga dos Campeões, que tem o seu regresso previsto para Agosto. A comunicação inicial de Edouard Philippe excluía qualquer possibilidade de os dois clubes disputarem em Agosto a prova em solo francês, mas horas mais tarde Roxana Maracineanu, ministra do Desporto, alterou um pouco o discurso oficial, não excluindo a possibilidade de se realizarem jogos à porta fechada em Agosto.
De qualquer forma, Nasser Al-Khelaifi, presidente do PSG, anunciou que “se não for possível jogar em França”, os parisienses pretendem disputar as suas partidas no estrangeiro.