Crise faz mais 4,4 milhões de desempregados nos EUA e destrói emprego criado numa década
Em quatro semanas, foram registados 26,4 milhões de novos pedidos de subsídio. Pandemia já destruiu mais empregos do que os criados desde 2010
Os Estados Unidos registaram mais 4,42 milhões de novos pedidos de subsídio de desemprego, segundo os dados semanais divulgados nesta quinta-feira pelo Departamento de Trabalho. Eleva-se assim a 26,4 milhões o número de desempregados desde que foi declarado o estado de emergência nacional nos EUA.
Os números mais recentes dizem respeito à semana finda no dia 18 de Abril (há sempre uma semana de atraso nos números). A taxa de desemprego medida pelos desempregados a receberem subsídio é de 11%, um valor recorde.
A pandemia já destruiu nos EUA mais postos de trabalho do que aqueles criados na recuperação da crise financeira de 2008/9. Segundo dados oficiais, desde 1 de Janeiro de 2010 e 1 de Janeiro de 2020 tinham sido criados 22,4 milhões de postos de trabalho no mercado dos EUA.
Com os dados desta semana, e assumindo que todos os que pedem apoio estarão desempregados no fim de Abril, a taxa de desemprego neste mês rondaria os 20%, mais do dobro da registada no pico da recessão de há dez anos.
É difícil encontrar um sinal animador no meio deste tumulto laboral. A única perspectiva positiva é a de que o número desta semana representa um decréscimo de 800 mil face ao número de novos pedidos entregues na semana anterior. Isso pode sugerir que o fenómeno estará a abrandar, à medida que o país prepara o regresso ao trabalho em pleno, por vontade do actual inquilino da Casa Branca.
A Câmara dos Representantes poderá apreciar ainda hoje um pacote de estímulos de 484 mil milhões de dólares. Cerca de 60% desta verba destina-se a pequenos negócios.
A Califórnia voltou a ser o estado com mais pedidos de subsídio, 533 mil. É um número mais baixo do que os quase 656 mil da semana passada. Segue-se a Florida (505 mil), o Texas com 270 mil, a Georgia (243 mil) e Nova Iorque, com quase 205 mil.
Na primeira semana de impacto da pandemia no mercado laboral dos EUA, o Departamento do Trabalho registou 3,3 milhões de pedidos de subsídio de desemprego.
Foi um recorde divulgado a 26 de Março, mais de 15 vezes acima da média semanal de 217 mil pedidos que era a norma antes da pandemia.
Na semana que terminou a 2 de Abril, foram 6,65 milhões de pedidos, número posteriormente revisto para cima: 6,86 milhões, um recorde absoluto.
Na terceira semana, finda a 9 de Abril, foram mais 6,6 milhões, elevando a soma para 16,8 milhões de pessoas sem trabalho em três semanas por causa da pandemia de covid-19.
Na semana passada, tinham sido 5,2 milhões, um número ligeiramente revisto (menos 8000), segundo o relatório que acaba de ser divulgado. O total, nessa altura, ascendia assim a 22 milhões de novos desempregados.
Em Fevereiro, a taxa de desemprego tinha recuado para 3,5%, o nível mais baixo em 50 anos. O Presidente, Donald Trump, declarou o estado de emergência nacional a 13 de Março, por causa do coronavírus, cujo contágio galopante nos EUA colocou este país no primeiro lugar da lista mundial de contágios e de vítimas. No fim de Março, a taxa de desemprego estava já em 4,4%.
Os EUA registam até ao momento 46.785 mortos e 842.624 casos positivos de infecção por covid-19.
“Os números de hoje mostram que o nosso desemprego continua a aumentar devido à pandemia. Temos 44 estados a pagar mais 600 dólares adicionais por semana. O nosso departamento vai continuar com as licenças com vencimento [baixas pagas] para assegurar que os trabalhadores recebam aquilo a que têm direito”, afirma Eugene Scalia, titular da pasta do Trabalho na Administração Trump.