Activistas ambientais vão participar na AG da Galp

Membros do grupo Climáximo são agora accionistas da petrolífera e querem confrontar a administração com perguntas sobre as alterações climáticas. Defendem a nacionalização da empresa.

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A refinaria da Galp, em Matosinhos Paulo Pimenta

Investiram em torno de 116 euros para poderem marcar presença na próxima assembleia-geral da Galp, marcada para sexta-feira, dia 24 de Abril, e querem fazer do tema “o mais falado do Twitter” nesse dia.

Quatro activistas do grupo Climáximo – recém-accionistas da Galp, cada um com uma acção da petrolífera – pretendem que esta AG, que se realiza à distância por causa da pandemia da covid-19, seja um marco no combate às alterações climáticas em Portugal.

Inspirados na iniciativa holandesa “Shell must fall”, criaram a sua própria “Galp must fall”, ou a “Galp tem de cair”, que além da participação no encontro de accionistas, marcado para as 15h, tem outros eventos associados, como explicou ao PÚBLICO o porta-voz do movimento, João Reis.

A iniciativa é co-organizada pelo Climáximo e outros dois grupos de activistas ambientais, 2degrees Artivism e Climate Save Portugal, empenhados no combate às alterações climáticas e no fim da exploração de combustíveis fósseis.

Às 10h, inicia-se uma greve climática digital, às 14h00, “será lançada uma twitterstorm com a hashtag Galpmustfall, para tentar tornar o assunto no mais falado do Twitter”, e em paralelo com a presença na AG, haverá uma manifestação online, através da manif.app, e concertos transmitidos através das redes sociais.

Os novos accionistas querem confrontar a administração da Galp com “perguntas sobre a crise climática e os despejos forçados em Moçambique”, disse João Reis.

“Já enviaram perguntas e receberam umas respostas evasivas, mas inscreveram-se para falar na AG, embora ainda não saibam se vai ser possível”, acrescentou.

Sobre Moçambique, onde a Galp está envolvida num grande projecto de exploração de gás natural, dizem que lhes têm chegado relatos, através da organização parceira moçambicana JA! Justiça Ambiental, de situações em que “forças paramilitares que afastam as pessoas das aldeias” e em que as pessoas “recebem compensações miseráveis pelos seus terrenos”.

Os activistas – que, segundo João Reis, investiram perto de dez euros na compra de uma acção, pagaram dez euros de comissão pela compra da acção e nove euros pela participação na AG – ainda não sabem se os deixarão intervir, mas se não o fizerem, “pelo menos vão poder relatar o que aconteceu”.

Nesta reunião, os accionistas da Galp deverão deliberar, entre outras coisas, sobre a distribuição de dividendos relativos a 2019 – uma segunda tranche de 318 milhões de euros.

É preciso que a Galp deixe de actuar “nesta forma desequilibrada, de exploração de combustíveis fósseis, disparidades salariais enormes e pagamento de dividendos”, disse João Reis.

A iniciativa defende que “é preciso desmantelar a indústria petrolífera” e nacionalizar a Galp, porque “investe, em plena crise climática, em projectos de gás fóssil”.

“O controlo público da Galp” é o “primeiro passo essencial em Portugal na democracia energética” e para assegurar uma transição para energias limpas que seja “justa e rápida”.

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