Sozinho, pobre, Antonio Tarantino, único

Na obra do dramaturgo italiano que esta semana morreu em Turim, de covid-19, ecoava o vento contrário da História, a ventania dos vencidos, a vida, enfim. Gostava da voz rude, embriagada, dos pobres, sangrenta voz na sua brutal frontalidade, na estranha riqueza do seu vocabulário.

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Antonio Tarantino (1938-2020) nunca tinha pensado escrever teatro. Autodidacta, pobre, desenhava, pintava num pequeno estúdio cedido pela cidade de Turim, cidade daquela Arte Povera que tanto nos abalou. Mas foi-lhe retirado o estúdio e ficou só com o seu quarto e um rendimento mínimo de inserção. Foi então que desatou a escrever. E a escrever teatro. Melhor: a escrever contra o teatro.

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