Alemanha recebe 47 menores vindos dos campos de refugiados gregos
Crianças do Afeganistão, Síria e Eritreia estavam em campos sobrelotados em ilhas gregas, onde estão mais de 36.000 pessoas amontoadas em locais pensados para acolher 6100.
Um grupo de 47 menores não acompanhados, provenientes de campos refugiados nas gregas do Mar Egeu, desembarcaram neste sábado em Hannover, no âmbito de uma campanha europeia de relocalização de migrantes, anunciaram as autoridades alemãs.
Segundo o ministro do Interior alemão, os jovens fizeram testes de despistagem de covid-19 ainda na Grécia e vão permanecer em quarentena em Hannover, durante duas semanas. Depois serão transferidos para outras zonas da Alemanha. “Esta evacuação foi o resultado de meses de preparação e intensas conversas com os nossos parceiros europeus”, disse o ministro, Horst Seehofer, que manifestou ainda a esperança de que outros países europeus comecem a acolher crianças refugiadas em breve.
As crianças são, na sua maioria, naturais do Afeganistão, Síria e Eritreia, e estavam em campos sobrelotados em ilhas gregas próximas da Turquia, nomeadamente Lesbos, Samos e Chios. Muitas delas vão ser acolhidas na Alemanha por familiares.
Na quarta-feira, 12 jovens afegãos e sírios, com idades entre os 11 e 15 anos, recebidos no Luxemburgo, no âmbito desta iniciativa, lançada a 6 de Março pela Comissão Europeia, para aliviar a Grécia. Cerca de cem mil requerentes de asilo estão actualmente bloqueados na Grécia, desde o encerramento das fronteiras por outros países europeus em 2016.
Os campos mais sobrelotados são os situados nas ilhas próximas da Turquia, que têm mais de 36.000 pessoas amontoadas em locais pensados para acolher 6100.
“O Governo grego tem tentado sensibilizar outros países da União Europeia para a situação das crianças pequenas, que fugiram da guerra e da perseguição, para encontrar novas famílias e começar uma nova vida. Estou feliz que este programa esteja finalmente a ser posto em prática”, disse, em Atenas,
O primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotsakis, disse esperar que mais de 1500 menores sejam relocalizados nos próximos meses. Segundo Stephane Dujarric, porta-voz do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, há mais de 5200 menores não acompanhados em busca de asilo nos campos de refugiados gregos.
A campanha europeia de relocalização de migrantes engloba também a transferência para território continental de centenas de requerentes de asilo idosos ou doentes refugiados nas ilhas gregas. Segundo as autoridades gregas, 2380 “pessoas vulneráveis” serão retiradas daqueles campos para apartamentos, hotéis ou outros campos no continente. A operação, da qual ainda não foram dados pormenores, começará a 19 de abril e durará cerca de duas semanas.
Até agora não foi registado qualquer caso de infecção pelo novo coronavírus nos campos nas ilhas de Lesbos, Chios, Samos, Leros e Kos, mas foram detectados vários casos em dois campos no continente.
Vários países responderam positivamente ao apelo de relocalização destas crianças, como foi o caso de Portugal, Bélgica, Bulgária, Croácia, Finlândia, França, Irlanda, Lituânia, Alemanha e do Luxemburgo.
Várias organizações não-governamentais (ONG) pediram nesta quinta-feira ao Governo português que efective a intenção de acolher refugiados menores não acompanhados que se encontram actualmente em campos de acolhimento sobrelotados na Grécia.
O apelo foi feito pelo Conselho Português para os Refugiados (CPR), pela Plataforma de Apoio aos Refugiados (PAR) - Serviço de Jesuítas para os Refugiados e pela Associação Humans Before Borders durante uma audição parlamentar, realizada por videoconferência, na Comissão de Assuntos Europeus.