Liga dos Chineses contesta expressão “vírus chinês” em despacho judicial

Xenofobia ou influência de Trump? Liga quer entender “o verdadeiro sentido desta afirmação” incluída num despacho judicial do Juízo Central Criminal de Lisboa.

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Donald Trump tem repetidamente usado a expressão "vírus chinês" para falar da pandemia que começou na cidade de Wuhan Reuters/ALY SONG

A Liga dos Chineses em Portugal repudiou, junto do Conselho Superior de Magistratura (CSM), a utilização da expressão “vírus chinês”, em referência ao novo coronavírus, utilizada num despacho judicial do Juízo Central Criminal de Lisboa.

Na carta enviada ao CSM e à Comissão dos Direitos Humanos da Ordem dos Advogados, a que a agência Lusa teve acesso, o presidente da Liga dos Chineses em Portugal, Y Ping Chow, lamenta o uso da expressão, alegando discriminação racial ou tendência xenófoba.

“A Liga dos Chineses de Portugal, uma associação da comunidade chinesa e dos seus descendentes em Portugal, ficou ofendida ao ter tomado conhecimento da frase proferida por um tribunal português ao referir-se, em despacho judicial, à covid-19 (nome oficial) como se fosse o vírus chinês, seguindo a teoria do Presidente norte-americano”, lê-se na carta.

Y Ping Chow escreve que não sabe “se o termo contém o sentido de discriminação racial ou alguma tendência xenófoba e (ou) apenas o magistrado judicial se deixou influenciar pela afirmação do Presidente americano”, e que a Liga quer entender “o verdadeiro sentido desta afirmação.”

No despacho judicial do dia 2 de Abril, o  magistrado do Juízo Central Criminal de Lisboa escreve que “devido ao surto pandémico que Portugal está a atravessar, causado pelo vírus chinês (covid-19), não se mostra aconselhável, devido ao perigo de contágio, reunir num espaço fechado várias dezenas de pessoas, como seria o caso da leitura do acórdão”.

Y Ping Chow é o promotor da futura câmara de Comércio Portugal China-PME e conselheiro da embaixada da China em Portugal e do Governo chinês.