Covid-19: PSP tem quatro vezes mais infectados que a GNR
Novo vírus obriga PSP a fechar três esquadras, GNR aguenta sem encerramentos. Contabilizados 136 infectados na PSP e 36 na GNR.
A Polícia de Segurança Pública regista quase quatro vezes mais infectados do que a Guarda Nacional Republicana, apesar das duas forças terem sensivelmente o mesmo número de profissionais. Até esta sexta-feira a PSP contabilizava 136 profissionais que testaram positivo à covid-19, enquanto a força militar registava apenas 36 infectados.
Tal teve consequências operacionais diferentes, com a PSP a ver-se obrigada a encerrar as portas de pelo menos três esquadras, enquanto a GNR aguentou sem fechar qualquer unidade.
Relevante para este efeito não é apenas o número de infectados confirmados, mas também os agentes com suspeita de o estarem e que são obrigados a ficar em isolamento, sem trabalhar. Nestas condições, esclareceu esta sexta-feira a Direcção Nacional da PSP num comunicado, encontram-se actualmente menos de 300 profissionais desta força. “Mais de cinco centenas de polícias que se encontravam em isolamento já regressaram ao serviço, após indicação das autoridades de saúde e depois de obtido resultado de contágio negativo em teste médico”, adianta a nota emitida ao início da noite, no mesmo dia em que o PÚBLICO enviou um rol de questões sobre esta matéria àquela polícia. Igualmente de regresso ao serviço estão três polícias que tiveram a doença, mas já foram dados como recuperados pelas autoridades de saúde.
A PSP assume que actualmente há duas esquadras fechadas ao público, mas salienta que continua a ser feito o patrulhamento nas suas áreas. “Registamos duas esquadras (Santa Apolónia e Reboleira/Amadora) que se encontram sob plano de contingência, temporariamente sem realizar atendimento presencial ao público, embora continuem a executar a missão quotidiana de patrulhamento das respectivas áreas”, sublinha a força de segurança que não avança com uma data para a reabertura das duas esquadras. Refere apenas que tal deve acontecer a “muito curto prazo”, assim que se finalizem as operações de descontaminação.
Tanto o presidente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia, Paulo Rodrigues, como o colega Carlos Meireles, líder do Sindicato dos Chefes da PSP, soma a estas duas esquadras, a ferroviária de Vila Nova de Gaia, a primeira que terá fechado portas, após dois colegas terem dado positivo nos testes. “Esta esquadra encerrou a 21 de Março e reabriu a 4 de Abril”, precisa Paulo Rodrigues.
Carlos Meireles lamenta que muitas vezes tenha havido relutância em fazer os testes aos polícias e que foi necessária pressão sindical para que muitos destes exames se realizassem. “Não é aceitável o que aconteceu em alguns casos, em que polícias que tinham estado com colegas cujos testes deram positivo tiveram que continuar a trabalhar até serem testados e, por vezes, se ter confirmado que estavam contaminados”, critica o sindicalista.
Três infectados na esquadra da Reboleira
Segundo o PÚBLICO apurou, a esquadra da Reboleira, que conta com três infectados, teve de encerrar o atendimento ao público para proceder à desinfecção, mas está prevista a sua reabertura já este fim-de-semana.
No que diz respeito à esquadra de Turismo de Santa Apolónia, que está fechada desde 7 de Abril, contará com 14 infectados, quase metade do total dos efectivos.
A sua reabertura ao público está prevista para a próxima segunda-feira, mas o número de infectados e o facto de esta ter sido apenas encerrada quatro dias após o primeiro caso confirmado (3 Abril), já motivaram pedidos de esclarecimento dos sindicatos à Direcção Nacional da PSP.
No pedido de esclarecimento, é relatado que, apesar de ter sido notificado um caso positivo, os restantes elementos continuaram a trabalhar e só quando já havia registo de sete infectados é que houve ordens para encerrar a esquadra. É dito que, até ao encerramento, nada foi alterado na forma de trabalhar da esquadra, por forma a evitar e proteger os demais elementos.
Contactada pelo PÚBLICO, a GNR informou que tinha registado 36 militares infectados com a covid-19, cinco dos quais já curados e sem que tenha sido afectado o funcionamento de qualquer unidade ou subunidade.