Covid-19: Presidente de Caminha defende programa para câmaras darem liquidez a economia local
“A ideia é dar liquidez às empresas que nunca a terão pela via do crédito disponibilizado pelas linhas de apoio do Governo”, disse o autarca socialista.
O presidente da Câmara de Caminha defendeu nesta sexta-feira um “programa global, aberto a todas as autarquias e sem constrangimentos ditados pelos limites do endividamento, para fazer face à necessidade de meter dinheiro fresco na economia local”, afectada pela covid-19.
“A ideia é dar liquidez às empresas que nunca a terão pela via do crédito disponibilizado pelas linhas de apoio do Governo”, reforçou o autarca socialista de Caminha, no distrito de Viana do Castelo.
Miguel Alves adiantou que “a economia da maior parte dos municípios faz-se da dinâmica das lojas, dos restaurantes, dos pequenos hotéis, das empresas de animação cultural com quem as Câmaras trabalham durante o ano”.
“Estas empresas não têm condições, nem sabem como aceder aos apoios anunciados. Para elas, só há uma hipótese. As câmaras pagarem o que lhes devem. E aqui a situação diverge. Há autarquias que conseguem pagar a tempo e horas ou fazer agora um esforço suplementar, mas há outras, muitas outras, que não conseguem fazer isso, precisam de aceder a um programa extraordinário para pagamento de dívidas a fornecedores para poder cumprir imediatamente com aqueles que fazem parte do seu território”, explicou.
Segundo o autarca de Caminha “algumas câmaras estão impedidas de aceder a crédito, outras até o podiam fazer, mas têm muitas dificuldades e depois há ainda a burocracia associada à contracção de empréstimos”.
Para Miguel Alves, o programa global permitiria “uma verdadeira injecção de adrenalina financeira num momento de letargia económica como o que o país está a viver”.
Num artigo publicado na Rádio Renascença, o também presidente do Conselho Regional do Norte afirma que “nunca, como agora” se sente “tanto a falta de ar”.
“Ironicamente, temos o país parado, mas a arfar. Somos muitos a precisar de ventilação para continuar a trabalhar na parte e na medida que nos cabe. A economia local precisa de respiração assistida. E precisa já”, defendeu.
No artigo, além de propor a criação de “um programa extraordinário e célere que permita às autarquias o pagamento de dívidas aos seus fornecedores”, defende a “aceleração de tudo o que tenha a ver com a execução dos fundos comunitários”.
“É preciso que as decisões da autoridade de gestão sejam mais céleres, é necessário que o Tribunal de Contas responda mais rápido, é crucial que os beneficiários sejam mais ágeis nos procedimentos e é importante que as obras decorram a bom ritmo”.
“Escrito de outra forma, não pode ficar dinheiro comunitário por utilizar. E, para isso, também é obrigatório que as prioridades dos próximos avisos tenham em conta o esforço que todos estamos a fazer para combater a doença e a necessidade de obras que sirvam para acautelar o futuro na saúde, na educação e na economia de Portugal”, reforçou no artigo publicado na RR.