Peso das microempresas no layoff chegou aos 80%
São mais de 82 mil empresas onde trabalham mais de 1,05 milhões de pessoas. Sector das agências de viagens, limpezas e call centers tem o maior rácio de trabalhador por empresa.
Treze mil empresas notificaram a entrada no layoff simplificado nos últimos três dias, elevando para 82 mil o número de entidades empregadoras que declaram estar em crise empresarial e que activaram este mecanismo. Com as últimas adesões, o peso das microempresas passou de 79% para 80%.
Os dados são do Ministério do Trabalho que, pela primeira vez, divulga a repartição por sector de actividade do número de trabalhadores das empresas aderentes ao layoff. Naquele universo empresarial, apurado até ao dia 17, trabalham 1,05 milhões de pessoas e a folha salarial mensal deste universo é de 1052 milhões de euros.
Por revelar continua o número efectivo de trabalhadores abrangidos, em termos totais, em termos sectoriais e por tamanho de empresa. Sem isso, e a correspondente massa salarial, não é possível saber qual a despesa do Estado inerente à medida.
Ontem, o ministro das Finanças, Mário Centeno, especificou que o custo estimado de 1000 milhões de euros mensais, que havia sido referido no início desta crise pelo ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, diz respeito a um cenário em que 1,5 milhões de trabalhadores estão em layoff.
Mas, por agora, o Ministério do Trabalho só revela o número total dos trabalhadores das empresas com layoff e não o número dos efectivamente abrangidos.
Ainda assim, os novos dados permitem ter uma imagem mais nítida e actualizada. O sector do alojamento, restauração e similar continua a liderar em número de empresas, como já sucedia, passando de quase 18 mil empresas para 20.554. Neste universo trabalham 207.515 pessoas, o que dá uma média de 10,1 trabalhadores por empresa.
O comércio mantém a segunda posição, passando de 15.366 para 17.330. Neste universo trabalham 190.014 pessoas, o que dá uma média de 11 trabalhadores por empresa.
Em terceiro lugar está a indústria transformadora. Em número de empresas mantém-se longe dos dois primeiros, tendo passado de quase 6400 para 7542. Já em número de trabalhadores, é o segundo sector, com 206.982, uma curtíssima distância do alojamento e restauração, porque apesar de ter menos de metade do número de empresas em layoff, a indústria que recorreu ao mecanismo tem em média o quase o triplo do número de trabalhadores por empresa (27,4 na indústria, contra os 10,1 do alojamento e restauração).
Mas é no sector das actividades administrativas, que inclui agências de viagens call centers, limpezas, rent-a-car, operadores turísticos e organizadores de eventos, que o rácio de trabalhador por empresa atinge o valor mais elevado. São 47,5 pessoas por entidade, em média, devido às 2658 empresas que aderiram ao layoff e onde trabalham 126.278 pessoas.
Os dez maiores sectores constam da tabela abaixo:
A | B | |||
Empresas | Trabalhadores | Rácio B/A | ||
1 | Alojamento, restauração e similares | 20554 | 207515 | 10,1 |
2 | Indústrias transformadoras | 7542 | 206982 | 27,4 |
3 | Comércio por grosso e a retalho; reparação de veículos automóveis e motociclos | 17330 | 190014 | 11,0 |
4 | Actividades administrativas e dos serviços de apoio | 2658 | 126278 | 47,5 |
5 | Actividades de saúde humana e apoio social | 6328 | 70938 | 11,2 |
6 | Transportes e armazenagem | 4137 | 56195 | 13,6 |
7 | Construção | 2499 | 39280 | 15,7 |
8 | Actividades de consultoria, científicas, técnicas e similares | 3434 | 30729 | 8,9 |
9 | Outras actividades de serviços | 4266 | 26635 | 6,2 |
10 | Educação | 2175 | 25496 | 11,7 |