Procura de acordo para evitar quartas eleições em Israel continua no Parlamento
Os dois cenários mais prováveis são novas eleições ou uma coligação entre Benjamin Netanyahu e Benny Gantz.
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, e o seu principal rival, Benny Gantz, falharam o prazo para formar governo o que levou o Presidente, Reuven Rivlin, a passar o mandato para o Parlamento. Mas as negociações para formar uma coligação podem continuar e esta ser aprovada nas próximas três semanas, se obtiver o apoio de mais de metade dos 120 deputados.
Este é, aliás, o cenário que está a ser visto como um dos mais prováveis, a par da realização de novas eleições. Que, a acontecerem, seriam as quartas em pouco mais de um ano - o impasse político dura desde a demissão de Netanyahu em Dezembro de 2018, quando calculou que eleições antecipadas lhe podiam ser favoráveis.
Há ainda uma hipótese, menos provável, que Netanyahu conseguisse convencer dois deputados de outros partidos a juntar-se ao seu bloco, o que seria já suficiente para uma maioria, mas seria muito difícil. E outra, muitíssimo menos provável, que uma coligação “anti-Netanyahu” conseguisse uma maioria - se não conseguiu antes, muito dificilmente conseguiria agora que Gantz dividiu o seu próprio partido ao fazer uma volta de 180 graus quando desistiu da sua principal promessa de campanha: não participar de um governo com um político acusado na justiça, no caso, Netanyahu, que deverá começar a responder por acusações de corrupção em Maio.
Se as eleições fossem hoje, Netanyahu teria um resultado suficiente para lhe permitir governar sozinho com o seu bloco conservador e religioso. Mas mesmo que haja novas eleições, ainda vai demorar até que sejam marcadas - as três semanas que o Parlamento tem para encontrar uma coligação, seguidas do prazo mínimo para a votação, levam a pelo menos três meses de intervalo - e o apoio de que beneficia agora por ser o líder do país em altura de coronavírus (Israel regista 12500 infectados e 140 mortes por covid-19) pode rapidamente perder-se com o descontentamento com as consequências económicas que se sentirão cada vez mais (o desemprego está já em 25%).
Tanto Netanyahu como Gantz dizem que vão continuar a negociar um governo de emergência nacional, que pareceu prestes a ser uma realidade nos últimos dias. Segundo o acordo, haveria praticamente dois chefes de Governo, Netanyahu e Gantz, sendo que Netanyahu seria o primeiro em exercício (Gantz teme vir a ser enganado por Netanyahu). Mas os dois não chegaram a consenso sobre alguns detalhes, incluindo sobre nomeações para cargos do sistema judicial pelo partido de Netanyahu, questões sensíveis quando este vai responder num processo judicial.