Luis Sepúlveda: “Lutas mais sensatas e menos assassinas”

Quando a Asa publicou O Velho que Lia Romances de Amor, em 1993, Torcato Sepúlveda (1951-2008), editor de Cultura do PÚBLICO, entrevistou o seu autor. Neste dia marcado pela morte do escritor chileno, vitimado pela covid-19, recuperamos essa conversa que os dois Sepúlvedas travaram há quase 20 anos.

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Luis Sepúlveda fotografado para o PÚBLICO em 1999 adriano miranda

É chileno, nascido em 1949. Foi condenado por Pinochet a prisão perpétua, depois comutada em 20 e tal anos de cadeia. Por fim, a ditadura deixou-o sair do país, condenando-o a exílio perpétuo. Luis Sepúlveda, autor de O Velho que Lia Romances de Amor, fala ao PÚBLICO da literatura de uma geração que recusa o realismo mágico de García Márquez e companhia, recusa o realismo socialista, recusa a violência armada como estratégia política, mas não descrê na construção de um novo projecto de esquerda. Que passa pela ecologia e pela defesa da natureza, porque a defesa da natureza é a defesa do homem. Por isso foi, durante anos, marujo dos barcos do Greenpeace: “Temos que ajudar os nossos povos a defender as suas matérias-primas, e convencer o Norte a viver menos luxuosamente. As lutas têm que tornar-se mais sensatas para não se tornarem assassinas.” A Asa, que lhe editou O Velho que Lia Romances de Amor, pensa publicar em breve Mundo del Fin del Mundo [saiu em 1994, com tradução de Pedro Tamen], aventura na Antárctida, que Sepúlveda defende que deveria tornar-se património mundial “intocável”.

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