Manuel Machado apela à confiança das autarquias no Estado

As autarquias têm boa situação financeira para garantir o socorro imediato das pessoas, garantiu o presidente da Associação dos Municípios Portugueses.

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Manuel Machado, presidente da ANMP à saída de Belém LUSA/MIGUEL A. LOPES

O presidente da Associação Nacional dos Municípios Portugueses (ANMP), Manuel Machado, apelou esta quarta-feira à confiança das autarquias no Estado.

“Temos de confiar nas instituições do Estado, a Direcção-Geral de Saúde (DGS) tem um papel insubstituível, não tenho razões para duvidar”, disse o responsável da ANMP e presidente da Câmara de Coimbra.

“Tudo tem vindo a melhorar e a confiança não foi quebrada”, garantiu numa entrevista à Antena 1. “Há sempre necessidade de aperfeiçoamento, por isso apelei a um esforço assumido [da administração central] com as autarquias”, insistiu. “Fiz este apelo para todos congregarem esforços, sem pôr em causa as suas competências”, justificou.

Manuel Machado reconheceu que no início do combate à pandemia do covid-19 existiram redundâncias entre as administrações, “até repetição de actos escusados”. Actualmente, garantiu, a situação é outra. “É necessário melhorar a articulação dos serviços, partilhar a informação, as redundâncias, já melhoraram e estamos todos a aprender todos os dias”, diagnosticou.

Quanto à polémica da diferença dos números de infectados apurados pelas autarquias e os divulgados pela Direcção-Geral de Saúde, o edil socialista de Coimbra foi pragmático. “As autarquias podem divulgar os seus números, mas recomendo cuidado, porque como está convencionado e é feito diariamente, é a DGS que os revela com os seus critérios científicos”, disse.

No entanto, admitiu que o acesso pelos autarcas aos números mais imediatos tem efeitos positivos. “Pode antecipar as soluções, para mobilizar meios de socorro, é diferente evacuar um lar com centenas de pessoas e uma residência de dezenas”, exemplificou.

Quanto ao conhecimento pelas autarquias dos munícipes em confinamento, considerou que o nome e a morada desses pacientes não é obrigatório ao conhecimento pelos autarcas. “Compete à DGS e às forças de segurança, mas precisamos de saber se numa determinada povoação existem situações [de infectados], sempre com o respeito dos direitos, liberdades e garantias”, garantiu.

Quanto à recolocação nos lares de origem de idosos diagnosticados positivos após internamento hospitalar, uma das queixas de autarcas sobretudo do Norte, considerou que a situação já é diferente. “Tem vindo a melhorar, em vez de pavilhões a opção das autarquias foi a de alugar hotéis e muitos se disponibilizaram por todo o país”, revelou.

“A responsabilidade é das Administrações Regionais da Saúde, da Segurança Social e dos delegados de saúde, o nosso desejo é que haja uma conduta homogénea a nível nacional e haja o reforço dos meios humanos, da GNR e dos serviços de Protecção Civil”, continuou.

Sobre os hospitais de campanha promovidos por algumas autarquias e que estão sem meios humanos e técnicos, Manuel Machado lamentou a situação. “Se não houver recursos humanos e meios técnicos é difícil o seu funcionamento, apelamos à confiança uns nos outros”, argumentou.

Do mesmo modo, defendeu uma participação nas autarquias na educação, exemplificando que a Câmara Municipal de Coimbra comprou equipamentos informáticos para os estudantes que não os tinham. “Vão ficar com eles até ao Natal, depois veremos se são devolvidos, não é o que nos preocupa agora”, justificou.

“As autarquias têm boa situação financeira e perante as dificuldades temos crédito para garantir o socorro imediato das pessoas”, concluiu.

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