Partido de Moon aponta à maioria no dia em que os sul-coreanos desafiaram a covid-19 para votar
Coreia do Sul organizou legislativas debaixo de fortes medidas de contenção sanitária e a participação foi elevada. Partido Democrático, do Presidente, deve conquistar maioria parlamentar.
Máscaras, luvas, medição de temperatura, unidades de desinfecção e boletins de voto. Foram estes os ingredientes das eleições legislativas desta quarta-feira, na Coreia do Sul, em plena pandemia do novo coronavírus, e cujo desfecho deverá dar ao Partido Democrático, do Presidente Moon Jae-in, a maioria na Assembleia Nacional. Apesar das restrições, os sul-coreanos aderiram em massa e a participação foi a mais elevada dos últimos 28 anos.
Numa altura em que estavam contabilizados 64% dos votos, os liberais lideravam em 156 círculos eleitorais, contra 92 do Partido Futuro Unido, conservador. Segundo a sondagem à boca das urnas divulgada ao início da noite (final da manhã de Lisboa) pelas televisões sul-coreanas, o Partido Democrático, no poder, pode conquistar 177 dos 300 lugares do Parlamento.
A Yonhap, agência noticiosa da Coreia do Sul, descreve as eleições desta quarta-feira como um autêntico referendo ao mandato do Presidente – apesar do seu nome não constar nos boletins de voto – e, particularmente, à gestão que tem feito da crise sanitária no país, vizinho da China, onde o vírus surgiu.
A Coreia do Sul é apontada como um caso de sucesso na contenção da propagação do coronavírus, tendo já chegado a uma etapa do surto em que a maioria das novas infecções registadas são casos importados. Esta quarta-feira o número total de infectados situava-se nos 10.591. Morreram 229 pessoas.
Confirmando-se o triunfo do Partido Democrático, Moon Jae-in pode aproveitar os dois anos de mandato que lhe restam para, com o apoio do Parlamento, investir naquilo que, escreve a Reuters, têm sido as prioridades políticas dos últimos anos: aumento do salário mínimo, reforma da Justiça, criação de emprego e aprofundamento da estratégia de desanuviamento da tensão com a vizinha Coreia do Norte.
Votação concorrida
Por ter lugar num dos primeiros países a realizar uma eleição presencial em tempos de covid-19, a votação na Coreia do Sul foi seguida bem de perto pela comunidade internacional. As autoridades assumiram o desafio e montaram um enorme dispositivo de contenção do vírus, para permitir que o país asiático, com mais de 51 milhões de habitantes – e 44 milhões elegíveis para votar –, pudesse votar sem restrições.
Todos os eleitores tiveram de usar máscaras e luvas protectoras e respeitar uma distância de 1 metro entre si. Antes de acederem às cerca de 14 mil mesas de voto espalhadas pela Coreia do Sul, tiveram ainda de passar por unidades de desinfecção, onde também lhes foi medida a temperatura.
Quem apresentou temperatura superior a 37,5º graus Celsius foi encaminhado para uma mesa de voto especial e quem mostrou sintomas da doença não pôde participar. Para além disso, todos os que estavam em situação de quarentena, tiveram um horário diferente dos restantes eleitores para votar.
Apesar das regras apertadas e de todo o aparato envolvente à votação, os sul-coreanos responderam à chamada e, com 66,2% de participação prevista, estabeleceram a mais alta participação eleitoral desde 1992.